terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O mundinho cor-de-rosa de Haroldinho

Hoje me deu vontade de escrever uma resenha, por assim dizer, mesmo este não sendo meu hábito ou tipo textual favorito e mesmo já tendo ouvido este disco outras vezes.

Torcia meu nariz para este rapaz e para o que ele cantava muito por causa da boy band de que ele fazia parte. Ao longo do tempo, tive a sensação de que o moço se daria bem numa carreira solo... O que acabou se confirmando.

Tendo notado parte do metal de sua voz de cabeça ao ouvir com atenção no rádio uma das últimas canções lançadas pelo 1D (na época ainda sem saber quem era seu dono), meses depois que o disco  de estreia Harry Styles  saiu fiquei curiosa em descobrir as outras partes de seu registro e que tipo de som ele produziria em seu próprio trabalho.

Tive uma grata surpresa.

O álbum me parece muito maduro sonora, estética e liricamente para alguém tão jovem e em sua primeira tentativa de mostrar do que é capaz por si mesmo (fugindo completamente do que produzia no formato anterior); que está satisfeito com o resultado, sabe do que gosta e quer para a carreira, cercado dos mais renomados profissionais em termos de divulgação, produção musical e até mesmo aqueles que fazem parte de sua banda de apoio (que conta em especial com um excelente guitarrista, uma apaixonada baterista e uma pianista de muito bom ouvido). Que ainda tem muito a crescer e aprender como cantor, músico e compositor.

E não à toa tem como primeiro single e obra-prima a muito elogiada e tocada "Sign of the times", de mensagem aparentemente simples, mas que se faz aos poucos grandiosa por conta de sua instrumentação, os vocais poderosos de Harry e seus backing vocals/companheiros de banda e inovações na linha melódica ao longo da canção. Hoje posso dizer que SOTT me fez morder a língua e realmente prestar atenção em Harold como artista, que de fato é talentoso e promissor.

Claro que Styles não há de permanecer como cantor de apenas uma canção apesar das rádios e já tem certo status na mídia muito por conta de sua trajetória anterior, mas tenho certeza de que ainda muita coisa tão boa quanto SOTT há de ser produzida se ele for cuidadoso e sensível o bastante. Certamente o rapaz já tem noção do alcance deste primeiro tiro e, assim como aconteceu com Hozier e "Take me to church" deve ser a partir daí que ele guiará suas escolhas no futuro, mesmo que não alcance sozinho o mesmo patamar em que chegou com o One Direction.

Segundo o próprio, ele não parece se importar se isso não se repetir, o que não requer menos atenção com o que ele faz e fará.

Com certeza o que me fez gostar deste álbum como um todo e que o mesmo crescesse em mim com o tempo apesar de tudo foram os vocais adultos do cantor, cuja voz na minha opinião pode muito bem transitar por vários gêneros diferentes, e os arranjos das canções, que remetem ao rock, baladas rock e country dos anos 1960, 70 e 80. Não sei se a intenção foi necessariamente prestar homenagem à música criada nessas épocas, mas considerando seus artistas favoritos, a influência é clara sem perder o frescor de ser composto e cantado por uma voz da minha geração.

Não quis ser muito exigente quando parei para ouvir pessoalmente (pessoalmente porque já havia ouvido as canções com menos atenção e em partes através de comentários em tempo real gravados para o YouTube), mas fiquei contente em notar nele coisas que eu ouviria e ouço sem piscar e que fogem do mainstream que geralmente se encontra nas rádios. Em especial pelo belo uso das guitarras, violões e ocasionais outras cordas, como os violinos.

Mesmo nos casos de pouca substância lírica e até repetitivos versos como "Ever since New York" e "Woman", o que compensa e não me faz desgostar delas é justamente o arranjo diferenciado, as harmonias delicadas e as linhas melódicas.

Talvez a própria performance ao vivo de Harry e a paixão com que canta me fizeram me acostumar com a talvez-longa-demais introdução de "Only angel" e com que a pesada e ousada "Kiwi" crescerem no meu coração roqueiro (mesmo a última não estando entre as minhas favoritas). Se fosse a um show certamente seria vista cantando o refrão a plenos pulmões como qualquer outro ali presente... O rapaz consegue comandar bem uma plateia sozinho, usa bem o corpo e toma o palco para si, pelo que consegui ver. Isso fica cada vez mais evidente com a carreira solo.

O mesmo acontece com o tema talvez batido de "Sweet creature", que acaba me aquecendo por dentro num dedilhar que me soa como carícia, uma melodia fluida e um vibratto limpo e bonito.

Um álbum que no momento faz jus a quem o canta e que pelo conjunto geral eu me orgulharei de ter na coleção quando possível. Fico no aguardo para o que mais do um pouco de tudo o mundo de Haroldo tiver a oferecer... Meus cumprimentos ao Mitch!

07/02/2018

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