quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Eternity ring

 Be the good boy
who remembers the stake,
do us a favour
of not that much.

While you take
let nothing go to waste
in the bliss
of a slow kiss
or under your hungry touch.

The thing you most enjoy
must be the holy taste
you get to savour
in the time I'd like you to spend.

For inside what others are unable to see
and what I allow you to be
they don't know that the truth for me
is that the dawn is not always the end.

24/08/2022

sábado, 13 de agosto de 2022

Vigília

Eu, de todas as pessoas,
construindo muros
para proteger
o que tem muitos nomes
e não precisa de defesa

quando em verdade
a tua boca não se arrepende
da palavra que usa
é a minha
que não se falta do que a fez
implorar

como se o nomear de alguém
e de um dia de outubro
fosse a senha
para a fortaleza de todas as coisas
de que não desejo escapar...

Não mais.

13/08/2021

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Anatomia de um quase corpo - resenha

Anatomia de um quase corpo é um romance recentemente publicado por Yara Fers de forma independente na Amazon KDP e concorre ao Prêmio Amazon de Literatura.

Um romance bastante curto e escrito em primeira pessoa, se utiliza de uma mistura de linguagem oral e informal e da ênfase imagética e dos recursos linguísticos que tendem a ser encontrados na poesia para contar a história de uma jovem em meio a várias pequenas mortes... E a vida que há entre todas elas.

Yara divide o livro em capítulos igualmente curtos que vão e voltam no passado, cada um focando num aspecto especial da rotina e de acontecimentos relevantes na vida da protagonista Bárbara conforme ela reflete sobre os antecedentes e consequências do acidente que a faz perder um membro do corpo.

Os títulos dos capítulos parecem algo aleatório e estranho a princípio, mas nada mais são do que a indicação do foco do capítulo e um adendo ao aspecto poético do romance, cada um como um verso do poema resultante da beleza e aspereza encontrada ao longo da jornada.

É justamente a perda do braço durante um dia de trabalho que faz com que a protagonista se veja notando e questionando a vida que levava até ali, bem como aprendendo a apreciar nasceres de sol, cervejas e notas de música (e talvez se obrigando a fazê-lo).

Com a deficiência vem o olhar distorcido sobre si mesma e aquele vindo das outras pessoas, a raiva pelo que se perdeu e talvez nunca acontecerá, o lidar com a culpa que não se sabe em quem colocar, o afastar-se daquilo que nos fazia bem por achar que aquilo não mais nos pertence... Até entendermos o que fica.

Yara aborda essas questões de modo muito realista e delicado, sem o sensacionalismo da superação de obstáculos que costumo ver na televisão e detesto tanto como mulher quanto como portadora de deficiência. O foco aqui está na cura de n outras coisas que a amputação apenas amplificou. A busca por paz interior e pertencimento dentro de si e do todo através do banal.

Acredito que esse livro possa agradar quem queira ler histórias escritas por mulheres sobre o ser mulher; a quem tão frequentemente parece que algo falta por causa das escolhas que fazemos. Que quer ler histórias sobre pessoas comuns, de vida comum, e que amem a vida (ainda que não amem a vida que tinham). Isso foi o que mais gostei no livro... Porque corpo é sempre corpo.

Rocha

Deixo a luz do sol bater um pouco a cada vez sobre as várias faces e ranhuras lapidadas por tempo e destino para que ilumine e penetre a gra...