terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Deprimida e poeta

 Escrevo desde que consigo me lembrar e desde antes de entender o que estava fazendo ou o que eu dizia. Era e é de certa forma automático colocar no papel o que me passasse pela cabeça sempre que houvesse a oportunidade… E isso em parte forjou quem eu sou hoje.

Isso não mudou quando desenvolvi ansiedade e depressão. Muito pelo contrário, só se intensificou. Foi quando questionei absolutamente tudo e enfrentei uma das piores épocas da minha vida que eu me agarrei a tudo o que me restava e hoje percebo ser o que tenho de mais valioso.

Por me sentir sozinha, eu escrevia. Por me sentir um fardo e um fracasso, eu escrevia. Ainda que estivesse exausta, eu escrevia. Mesmo tendo largado tudo e estivesse estudando para um vestibular que não fiz, eu escrevia. Preferia escrever a fazer qualquer outra coisa, na verdade.

Escrevia para me ocupar. Escrevia porque não sabia que tinha tanto a dizer. Escrevia para entender o que acontecia comigo. Vi minha poesia mudar, ficar curta, grossa, perder o enfeite, ficar calculada e ao mesmo tempo sem rumo. Aprendi sobre ser brutalmente honesta. E é por isso que ainda estou aqui.


23/02/2021

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Feito para (a)mar

Toda mulher é mar
livre e sem farsa
que no seu ir e voltar
em onda nua
filha da lua
no fim sempre abraça
em gozo e graça
o respeito
ao seu leito
que não há de lhe afogar.

14/02/2021

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Fontes de inspiração

 Uma amiga que tive o gosto de fazer há alguns anos e que influenciou muitos dos riscos que passei a tomar como poeta costuma dizer que a inspiração está dentro do poeta… E concordo com ela. Acredito que isso vale para independentemente da forma de expressão.

As coisas acontecem de acordo com intenção, método, tipo de conteúdo que se consome e, principalmente, do olhar que se tem sobre o mundo. Afinal de contas, a obra final vem de nós, não importa o quanto nos distanciemos dela a nível pessoal.

Acredito que a minha obra seja fruto da minha vontade de deixar algo para trás. E, dentro disso, das minhas memórias, experiências, contato com outras pessoas, o observar daquelas que estão à minha volta e escolhas literárias, musicais e no cinema, que se expandem gradualmente e deixam seu rastro.

Quanto mais velha fico, mais conscientemente busco conteúdo que vá além da superfície, que me faça pensar e que tenha honestidade por trás. Que tenha uma história para contar e que me induza a refletir sobre a minha a partir do entendimento da perspectiva do outro.

Talvez a verdade seja que, como costureira de palavras e amante dos detalhes, eu busque as histórias por trás de tudo. A beleza por trás da feiura e a verdade debaixo da  bravata. O que é e poderia ter sido a partir da possibilidade de mudança onde ela se faz presente.


12/02/2021

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Próxima aventura: empreendedora

 Então, gente... Sou MEI agora!

Faz um tempo que estou para contar que na finaleira do ano passado abri meu CNPJ como redatora, desde que a fantástica Maria Vitória me mostrou que era possível viver de escrita e se tornou alguém que quero ser quando crescer.

Apesar de todas as minhas inseguranças, é melhor fazer trabalho de formiguinha do que esperar que as coisas caiam do céu. É por isso que venho compartilhando minha história por aqui e dando um passo de cada vez.

A verdade é que eu fugi do meu destino por tempo demais, e esse destino é escrever. Quem liga que não seja por literatura? Lidar com palavras é o que sei fazer de melhor, ainda mais quando se trata das que vem de mim. Se elas podem ajudar alguém e me dar sustento, é o que pretendo fazer.

Independentemente do que ainda me falta, eu não vou esperar estar “pronta” para abraçar as oportunidades... Ganhar experiência e habilidades e criar hábitos ao longo do caminho parece ser a coisa certa para alguém como eu, do contrário a hora da verdade nunca chega.

Então acho que esse texto sou eu “botando minha cara no sol”, como a Maria costuma dizer. Dizendo quem eu sou e a essência do que posso fazer. No próximo a gente vê quanto ser eu há de custar... Por ora, me desejem sabedoria.


08/02/2021

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Minha querida impostora

 Não sei se posso dizer que sou impostora quando se trata de literatura. Talvez o mais correto seja dizer que sempre considerei que existe muita gente por aí que escreve com um estilo muito mais bonito do que eu, o que não quer dizer que o meu não seja, de acordo com suas limitações.

Gosto de pensar que estou sendo humilde e reconhecendo a beleza no trabalho do outro, que pode vir a influenciar o meu e contribuindo para que melhore cada vez mais. O escrever desde que consigo me lembrar me faz enxergar tanto a qualidade no momento do que faço e também naquilo que consumo.

Tenho quase certeza que o confiar nas minhas habilidades e capacidade de aprender com teoria e prática são o que faz a minha escrita o que ela foi, é e será. Assim como a reconhecer e respeitar o processo de criação em geral e dentro de cada gênero. Eu sei o custo de escrever um poema, um conto e um romance.

Também sei o que cada trabalho nos ensina sobre os pontos fracos na execução de cada gênero. Eu escrevo prosa poética e versos melhor que escrevo histórias. Mas nada disso me impede de tentar um pouco de cada, nem ambicionar redação para a web. Então a minha impostora está não na falta de confiança, mas de autoestima.

Eu não sou impostora naquilo que sei que sou boa e no que sei que pode ser ainda melhor. Cada vez mais tenho consciência das minhas habilidades e que é loucura da minha parte não encontrar um jeito de usá-las para meu proveito e dos outros. Se eu não fosse inteligente e pelo menos um pouco louca, não estaria aqui agora.

Eu sou impostora por causa daquilo que não me foi ensinado. Sou impostora porque fui armada para ambicionar ter o mundo nas mãos, mas não para saber o que fazer com isso. Sou impostora porque quero pensar fora da caixa, fazer o que os que vieram antes de mim não fizeram, agarrar as chances… Mas tenho medo.

Por mais que eu deseje que as possibilidades do meu intelecto me façam transcender os limites do corpo e da geografia, eu carrego um medo que talvez nem seja meu. Medo disfarçado de cautela, mas que sei que é medo. E ele me faz questionar até o que no fundo sempre foi verdade. Mas é tudo barulho, eu sei agora.

Medo que me faz ter que correr atrás de tanta coisa completamente sozinha, nem que seja para tentar. Porque sem tentar, nada acontece, não se chega em lugar nenhum, nem mesmo no errado. Medo que me faz duvidar que conseguirei crescer, ter disciplina, dar conta do tempo que passa e viver. Mas os mentores estão aí para isso...

02/02/2021

 

02/02/2021

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

O prazer na minha escrita

 Talvez o que eu considere mais bonito no escrever sejam os processos e as mudanças que acontecem (e digo isso sendo uma pessoa que tem dificuldade com mudanças). A evolução que se enxerga nas entrelinhas do que se faz e, com o tempo, perceber os padrões em como a criação acontece.

Como a coisa mais mundana, seja uma imagem, uma memória ou uma conversa com alguém traz poesia dentro de si... E basta que a gente preste atenção. Como às vezes as palavras simplesmente vêm de uma só vez, meio que prontas, ou são filhos que se revelam a nós aos poucos, mas sempre como precisa ser.

Como os hábitos são tão fáceis de se perder quando podem ser difíceis de se adquirir e, ainda assim, são o que facilita tudo. Como as histórias que contamos revelam mais sobre nós do que gostamos de admitir, porque crescem conosco, consciente ou inconscientemente. Que o ato de criar é cíclico.

Que ainda que se tome uma direção específica na intenção do texto, a escrita mais honesta, eficiente e natural acontece no deixar os pensamentos fluírem e serem expressados sem censura. Sentir que a vontade de dizer algo, ainda que pela palavra escrita, é mais forte do que qualquer coisa.

01/02/2021

Rocha

Deixo a luz do sol bater um pouco a cada vez sobre as várias faces e ranhuras lapidadas por tempo e destino para que ilumine e penetre a gra...