terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Minha querida impostora

 Não sei se posso dizer que sou impostora quando se trata de literatura. Talvez o mais correto seja dizer que sempre considerei que existe muita gente por aí que escreve com um estilo muito mais bonito do que eu, o que não quer dizer que o meu não seja, de acordo com suas limitações.

Gosto de pensar que estou sendo humilde e reconhecendo a beleza no trabalho do outro, que pode vir a influenciar o meu e contribuindo para que melhore cada vez mais. O escrever desde que consigo me lembrar me faz enxergar tanto a qualidade no momento do que faço e também naquilo que consumo.

Tenho quase certeza que o confiar nas minhas habilidades e capacidade de aprender com teoria e prática são o que faz a minha escrita o que ela foi, é e será. Assim como a reconhecer e respeitar o processo de criação em geral e dentro de cada gênero. Eu sei o custo de escrever um poema, um conto e um romance.

Também sei o que cada trabalho nos ensina sobre os pontos fracos na execução de cada gênero. Eu escrevo prosa poética e versos melhor que escrevo histórias. Mas nada disso me impede de tentar um pouco de cada, nem ambicionar redação para a web. Então a minha impostora está não na falta de confiança, mas de autoestima.

Eu não sou impostora naquilo que sei que sou boa e no que sei que pode ser ainda melhor. Cada vez mais tenho consciência das minhas habilidades e que é loucura da minha parte não encontrar um jeito de usá-las para meu proveito e dos outros. Se eu não fosse inteligente e pelo menos um pouco louca, não estaria aqui agora.

Eu sou impostora por causa daquilo que não me foi ensinado. Sou impostora porque fui armada para ambicionar ter o mundo nas mãos, mas não para saber o que fazer com isso. Sou impostora porque quero pensar fora da caixa, fazer o que os que vieram antes de mim não fizeram, agarrar as chances… Mas tenho medo.

Por mais que eu deseje que as possibilidades do meu intelecto me façam transcender os limites do corpo e da geografia, eu carrego um medo que talvez nem seja meu. Medo disfarçado de cautela, mas que sei que é medo. E ele me faz questionar até o que no fundo sempre foi verdade. Mas é tudo barulho, eu sei agora.

Medo que me faz ter que correr atrás de tanta coisa completamente sozinha, nem que seja para tentar. Porque sem tentar, nada acontece, não se chega em lugar nenhum, nem mesmo no errado. Medo que me faz duvidar que conseguirei crescer, ter disciplina, dar conta do tempo que passa e viver. Mas os mentores estão aí para isso...

02/02/2021

 

02/02/2021

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