Lilie quis caminhar, tomar um ar.
François a acompanha; iria com ela a qualquer lugar.
Seu coração tolo a ama tanto que dá a sua postura e gestos a poesia que ainda lhe pertence, mas que ele diz não mais escrever pois a musa a seu lado é tudo o que hoje lhe basta.
Ele é tão jovem… Tudo parece durar para sempre.
Seu amor por aquela moça, o dela por ele e aquela caminhada de mãos nos bolsos e silêncio em que ele faz um gracejo e abre um sorriso para mostrá-la seu contentamento por aquele tipo de momento acontecer de novo e aparentemente ser como das outras vezes.
François é poeta, ele sente…
Ele “aperta-sem-apertar” a mão da moça.
Não exatamente a segura, mas a toma pelos dedos… Os dedos bonitinhos que “são iguais aos dele”.
A mão dela aberta em diagonal sob a sua, e, no entanto, inerte.
François ama tudo o que eles conseguem se dizer sem nem sequer abrir a boca. Mas Lilie agora está perto e ao mesmo tempo distante.
Ele quer o contato, mas mal se atreve a tocá-la.
Ela não exatamente responde ao toque; rapidamente afasta a mão para baixo.
A dele desiste. Uma eternidade em dois segundos.
Lilie vai embora junto com a guerra; para ele soa simples assim.
A mesma guerra civil que a uniu ao tolo François.
A mesma guerra que o fez acreditar que ela o quereria por toda a vida.
Um jovem poeta com uns trocados no bolso, a alma desnuda e uma cama de hotel não eram o bastante.
“E eu?”
Pesadelos também se realizam.
- texto inspirado em "Les Amants Reguilérs" de Phillipe Garrel.
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