domingo, 5 de maio de 2019

Fadiga

Cansa, cara.
Cansa se ver envelhecendo em posição sentada
e ver que, mesmo por trás da bolha
que nunca foi minha escolha
o mundo parece tão previsível quanto uma escara,
parece que as pessoas não aprendem nada...

Cansa
ser o tempo todo a criaturinha mansa,
sem voz, sempre menina
e “nossa, que inteligente!”
repetindo para si mesma com o olhar para cima
que sim, é atraente,
poeta, mulher e leonina.

Cansa
que não percebam que algumas coisas não mudarão
e que até eu tive de aceitar;
que outras, não, eu não acho bonito ou engraçado
e não ousem rir amarelo, porque saberão;
nem toda pequenez é motivo de festança
e só cabe a mim me consertar,
eu sou o meu próprio fardo.

Como cansa
a infantilidade do tom e pergunta
de quem sempre vê criança,
mas juro que com o tempo a gente acostuma
porque a chance disso acontecer é tão maior que só uma,
às vezes várias destas vindo de forma conjunta
como os lugares que até espero que bem não receba
quem viva, coma, beije, beba,
menstrue ou não, conheça ou padeça dos espermas,
mas não anda com as tuas pernas.

Ninguém sabe como a alguns cansa
quando só querer viver vira teste
sempre para nós, mas mais para o mundo
a cada segundo
servindo de lembrete ou lembrança
ou dádiva celeste.

30/04/2019

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