Não quero me colocar na posição de vítima. Exceto por ele, certamente, mesmo que não digam, pessoas para as quais eu desabafo acabam pensando coisas do tipo “puxa, ela está botando toda a culpa nos pais, isso é péssimo!” ou “pobrezinha, olha o que eles estão fazendo com ela”. Isso é a última coisa de que eu preciso.
A maioria delas me dá esses conselhos baratos que no fim das contas não me ajudarão em nada. Até mesmo ele já me sugeriu tentar conversar com meus pais sobre o que sinto, mas hoje ele entende que não vai funcionar.
Pelo menos não agora e não no contexto em que estamos inseridos. Os padrões certamente se repetirão e só vai aumentar o tamanho da bola de neve. Eu já tentei fazê-lo, e a quê isso me levou? Mais introspecção.
Não estou dizendo que quero deixar as coisas como estão. Elas são ruins, não podemos todos morrer sem ter um dia resolvido pelo menos parte dessas questões. Mas isso só acontecerá quando pudermos nos ver por ângulos diferentes. Quando nos afastarmos um pouco e tivermos tempo de qualidade conosco mesmos.
Eu quero entendê-los. Eu quero me entender, ter paz de espírito. Espero pelo dia em que conseguirei tal façanha mais que tudo no mundo. Enquanto ele não chega, tento encontrar meios de suportar o resto do melhor modo possível.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
domingo, 15 de maio de 2016
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