É difícil decidir o que é mais assustador: descobrir e saber lidar com os defeitos dos outros ou os nossos. Se dar conta de que até mesmo as pessoas que mais amamos não possuem apenas grandes virtudes, que nos fizeram admirá-las, mas também muitas coisas ruins.
Se eu, que estou a cada dia vendo isso nas pessoas à minha volta e até em mim mesma, já me sinto confusa, imagina para eles, que convivem comigo? Leva tempo para absorvermos o fato de que ninguém tem a obrigação de corresponder às expectativas de ninguém, que ninguém é perfeito. E é muito complicado perceber que herdamos os defeitos que abominamos em nossos pais.
E um grande problema é que aqueles que mais deveriam entender isso simplesmente esperam o topo de tudo.
Um dia eu já quis que uma pessoa mudasse, mas aí entendi que era furada. Estava só desejando que ela entrasse numa espécie de padrão para que não brigássemos. Tolice minha. Ela mesma muitas vezes engolia coisas que não gostava em mim pelo simples fato de nos gostarmos, até porque me conhece há certo tempo. Só agora eu entendo que esta é a única coisa a fazer.
Claro que ela ainda é jovem e muita coisa muda porque o mundo obriga, mas neste contexto não há outra solução.
Com certeza quando eu viver minha própria vida de verdade, com a minha casa e as minhas escolhas, vou conseguir mudar o que deve ser mudado e aceitar o que faz parte de mim. Aceitar mais facilmente as falhas dos outros e até as deles e as minhas, pois embora nada seja um mar de rosas, vou ficar longe de um ciclo vicioso que esfrega tudo nas caras uns dos outros.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
segunda-feira, 2 de maio de 2016
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