sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O outro

Esses flertes que na voz de outro
viram orações de saudade
como finas correntes de ouro
mais caras que toda maldade.

Esses versos da voz do diabo
que ainda lembra do dia puro
como tempo nunca passado
mas que não pode ser futuro.

Esses sussurros cheios de luxúria
tua e nossa, sempre tão sutil
em seu literal prazer e penúria
debaixo do amor mais anil.

Esses medos de ti e da volta,
piedade minha é te fechar a porta
quando nos teus braços sinto solta
a fagulha que desfaz a vida torta.

Esses olhares pelo copo de vinho
que a verdade mostram e escondem
estejas tu comigo ou sozinho
quando ao galanteio respondem.

Essas palmas chamadoras de estrelas
em compasso pesado de respiração...
parece tão fácil retê-las
para que só morram no teu coração...

24/11/2017

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