terça-feira, 12 de setembro de 2017

Museu é lugar de queer, sim senhor

Quem é quem para conceituar o que seja ou não arte? Quem é quem para usar sua margem de interpretação ou mesmo incapacidade de separar o simbolismo de todo o resto para querer privar os outros de terem acesso a um conteúdo e formarem a sua? Isso é censura e coisa de puritano sem noção.

Assim como tem um fim em si mesma, a arte está aí para isso, para apontar o dedo para questões que não devem ser negligenciadas e te revirar por dentro, dependendo da intenção do autor e do olhar de quem entra em contato com ela – todos tiram alguma conclusão sobre tudo, mesmo que pareça rasa ou não possa ser expressada direito naquele momento.

A arte existe para comunicar uma mensagem e não precisa da aprovação dos outros para existir em si mesma ou da aprovação de um público. É o reflexo simbólico de um modo de pensar individual e/ou coletivo num espaço de tempo específico e se propõe, mesmo que inconscientemente, à reflexão acima de tudo, não necessariamente de cunho necessariamente “positivo” ou, como eu chamaria, corporativista que só abarca uma parcela da população.

Ela merece ser reconhecida simplesmente por ter sido criada e precisa ser espalhada para o máximo número de pessoas possível, ainda mais numa cidade grande e tratando de assuntos que jamais hão de se esgotar e que merecem ser retomados uma e outra vez. Opinião, cada um vai ter a sua, e isso deve bastar.

Eu não gosto de funk, por exemplo, mas jamais vou condenar alguém por ouvir ou dizer que o gênero, que é mais velho do que eu mesma, deva parar de ser produzido ou que fique escondido onde ninguém mais tenha acesso – como já fez e talvez ainda faça a própria igreja com tudo o que não condizia com os seus dogmas. No país onde eu nasci isso não existe mais, e jamais existiu uma verdade absoluta.

12/09/2017

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