sábado, 6 de outubro de 2018

Das tantas singularidades

Acho que há uma beleza na constatação de que, talvez, por mais que eu leia a letra daquela música milhares de vezes, eu não consiga estabelecer interpretações e significações específicas e fixas para ela por mim mesma, mesmo sabendo que por natureza ela possui muitas palavras e ângulos de visão (o que já gosto muito em si)... E como mesmo estes mudam....

Mas isso não me impede de me sentir tocada por ela em todas as suas características. É interessante perceber como ele é outra dessas tristonhas que acabam sendo cantadas de forma bem sensual - talvez para destacar a melancolia.

À primeira vista ela me pareceu ser uma pessoa se queixando para outra de que deu tudo de si com relação àquela dinâmica, mas que isso não foi valorizado... Foi tratado como se não fosse importante, e a única solução do eu-lírico é voltar-se para si mesmo de modo a curar essas feridas.

Acho que se olhar de novo para ela, pode ser que veja outra forma de significá-la, e isso não deixa de ser algo bom. Vamos ver...

Talvez o som que o eu-lírico ouve e que o impede de dormir seja a rachadura no lago congelado onde ele percebe que as circunstâncias o colocaram e que o afoga para impedir que ele se expresse livremente, porque de alguma forma aquele contato é tóxico.

O som é importante e não-familiar e por isso não o deixa dormir, de modo a fazê-lo perceber a situação em que se encontrava e esforçar-se para sair dela. Mesmo de vez em quando ainda se questionando se vale a pena se submeter àquilo tudo e se o próprio questionamento faz sentido, ele sabe que um dia a dor acabará e ele reencontrará seu ser e sua voz.

06/10/2018

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