sexta-feira, 6 de julho de 2018

Dos amores

Talvez a falta de amor por si mesmo tenha mesmo a ver com a dificuldade em não entender que o amor dos outros não é algo que se tem por meritocracia. Não só o amor verdadeiro deve ser dado de graça, sem esperar retorno, como ele não existe por escolha... É construído com o tempo e com tudo o que isso traz ele evolui, mas acima de tudo continua sendo simplesmente o que é.

E por conta disso, por mais que seja algo que queiramos, acontece, mesmo que inconscientemente, uma espécie de dificuldade de aceitar que sim, somos amados de verdade, e por tudo aquilo que somos. A sensação de que aquilo é gostoso demais para estar realmente acontecendo. Que só pode ser um sonho. Será que é isso que faz essa sensação, esse sentimento, esse momento ainda mais bonito?

Talvez isso valha também para quando estamos no processo de conhecer as outras facetas das pessoas. Aceitando que elas são também vulneráveis, humanas, que podem melhorar se tentarem, que como o amor são como são, e apreciá-las não APESAR dos aspectos ruins, mas COM eles. Por mais que o processo nunca seja fácil, muitas vezes podemos achar o outro muito mais fácil de amar do que nós próprios.

Mesmo que muitas vezes eles acabem servindo como espelhos das nossas falhas; que possamos ver nossas partes obscuras nos olhos deles. Então talvez seja por isso que precisamos viver em comunidade, afinal. Para aprender uns com os outros. O interessante é exatamente o fato de sermos todos cinza por dentro.

Será que aceitar o amor dos outros é parte do caminho para amar a si mesmo e então retribuir o que se recebe ainda melhor? Será que temos medo de ser amados por medo de que seja sempre tudo mentira? Será que por não conseguir me amar eu não estou amando os outros de forma verdadeira?

06/07/2018

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