segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Oi, Carolina

 Saudades de ti.

Que bom saber que tudo deu certo. Que tu falou o que tinha que ser dito, ainda que parecesse impossível. Que alívio que ao que parece tua mãe lida bem com isso e vai te ajudar com o resto.

A verdade é que hora certa não existe porque o pior é não fazer nada. O pior é esconder esse tipo de coisa de certas pessoas quando a gente sabe que o melhor seria contar, ainda que no nosso tempo. Com as consequências a gente aprende a lidar, e é claro que o desejo de todo mundo é uma resposta como a que tu recebeu.

Eu não tenho a melhor das relações com a minha mãe e há muitas coisas sobre mim que ela não sabe, embora goste de achar o contrário. Mas ela também escondeu informações de mim, então acho que estamos quites. O que eu espero é ter tua coragem.

Talvez ela já saiba, até porque deixo cair indícios pelo chão de vez em quando. Como quando ela descobriu só pelo meu jeito que eu estava apaixonada e que tinha sido magoada, há tantos anos, e sem querer.

Não faço ideia se ela sabe, mas acho que quando eu contar quero que seja assim. Eu e ela durante o café da tarde ou a janta de quarta que a gente costuma comer só as duas e que pra mim é sagrado. O pai por perto só vai me travar. Não que o que ele diga me afete mais, porque eu sei o que ele pensa. Só não quero discutir na hora da comida. As refeições têm mesmo poder.

Coragem de dizer e de me afastar de quem for preciso, não importa quem seja e nem se ela acha que estou sendo teimosa igual o pai. Isso sou eu defendendo o que é meu e exigindo respeito. Não que eu ache que precise contar, mas é algo que quero. Até a hora chegar, me deseje sorte.


21/12/2020

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