deixa-me deitar no teu colo,
me aquecer na tua pele,
dar à luz no teu solo
e conceber outra vez nele.
seja pai desses meus filhos,
faça-os comigo...
filhos em versos
e rostos ambíguos.
assiste-me nos meus partos,
ampara essas cabeças
nas tuas mãos santas
de meninas altas, espertas
e meninos às vezes minguados
sempre alimentados em seios fartos.
é meu destino ser essa mãe e cantar
como o senhor também é pai,
mesmo que puxando outro ar
em outra dor, mas... ai!
crias do éter,
do vento e do fogo,
tantas, com ânsia de chegar logo,
cheias de amor e prazer
e também no tempo que tem que ser.
outra bruxa que se abre,
quem sabe,
entre aquelas que o senhor queira
e nelas deixe bosque em carne.
mas talvez nesta era,
com esta serva,
seja diversa a primavera -
mais sutil,
mas não menos fértil.
02/07/2020
segunda-feira, 6 de julho de 2020
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