Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Acoustic versions
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Truth's song
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
Cômodo
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Amor
24/12/2020
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Wish-making
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Oi, Carolina
Saudades de ti.
Que bom saber que tudo deu certo. Que tu falou o que tinha que ser dito, ainda que parecesse impossível. Que alívio que ao que parece tua mãe lida bem com isso e vai te ajudar com o resto.
A verdade é que hora certa não existe porque o pior é não fazer nada. O pior é esconder esse tipo de coisa de certas pessoas quando a gente sabe que o melhor seria contar, ainda que no nosso tempo. Com as consequências a gente aprende a lidar, e é claro que o desejo de todo mundo é uma resposta como a que tu recebeu.
Eu não tenho a melhor das relações com a minha mãe e há muitas coisas sobre mim que ela não sabe, embora goste de achar o contrário. Mas ela também escondeu informações de mim, então acho que estamos quites. O que eu espero é ter tua coragem.
Talvez ela já saiba, até porque deixo cair indícios pelo chão de vez em quando. Como quando ela descobriu só pelo meu jeito que eu estava apaixonada e que tinha sido magoada, há tantos anos, e sem querer.
Não faço ideia se ela sabe, mas acho que quando eu contar quero que seja assim. Eu e ela durante o café da tarde ou a janta de quarta que a gente costuma comer só as duas e que pra mim é sagrado. O pai por perto só vai me travar. Não que o que ele diga me afete mais, porque eu sei o que ele pensa. Só não quero discutir na hora da comida. As refeições têm mesmo poder.
Coragem de dizer e de me afastar de quem for preciso, não importa quem seja e nem se ela acha que estou sendo teimosa igual o pai. Isso sou eu defendendo o que é meu e exigindo respeito. Não que eu ache que precise contar, mas é algo que quero. Até a hora chegar, me deseje sorte.
21/12/2020
sábado, 19 de dezembro de 2020
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Resposta
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Casting
sábado, 5 de dezembro de 2020
Nostalgia
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
Precious thing
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Água
Tu és água. Água em ondas sobre mim, mas sem o gosto de sal. Tu és água em que se banha e de que se bebe. Que se oferece a mim em goles esparsos, porém sôfregos, que me fazem arfar e querer mais na sede de que me lembras.
Água funda mas limpa para que se veja muito do quanto é mostrado. Água nova e boa que me lava, que me acaricia, que se derrama, que escorre lenta ora desde os cabelos, ora do pescoço para baixo, como numa purificação, ora desde os lábios porque neles não se contém.
Furtiva, se guarda em certos lugares, certas taças, até morrer em outros, entre pétalas de flor, entre folhas e linhas. De mãos trêmulas e quentes, faz estremecer a finura que toca com misto de devoção e rotina. Água que canta, que sussurra, que recebe. Água.
26/11/2020
terça-feira, 24 de novembro de 2020
A liberdade (e talvez única escolha) de SER
Tudo tem mais de uma faceta. O que fazemos com isso depende da nossa visão de mundo, das nossas experiências e das escolhas que fazemos. E, dependendo do que acontece conosco e à nossa volta, isso só fica mais evidente. Somos forçados a voltar a encarar o que talvez nunca tenhamos superado e que se torna maior diante de certas circunstâncias novas e do que elas nos impedem de fazer... E de ser.
Mas é justamente por isso que no fundo nada para. O mundo tem o seu próprio ritmo, assim como nós temos e é nossa obrigação respeitá-lo. Não importa o que acontece conosco ou com o mundo, tudo passa. A passagem dói menos quando a gente não esquece quem é e daquilo que nos é importante. Quando vivemos a dor e incerteza que nos prende no lugar sem deixar que ela nos engula porque encontramos maneiras de compartilhá-la e expressá-la, estreitando as relações positivas nas nossas vidas.
É por isso mesmo que não conseguimos evitar nos imaginarmos em melhores contextos, com outros resultados ou pelo menos os bons de antes. E não há nada de mal nisso. Assim como é válido celebrar o que ainda existe de bonito mesmo dentro do caos, porque ela ainda segue lá ainda que não se possa apreciá-la da mesma forma. Aquilo que temos e que somos que nada exterior conseguiu modificar.
Histórias seguem sendo contadas, e aqui não poderia ser diferente, porque é de nós que elas dependem para existir. O apenas SER é uma liberdade que vai se conquistando conforme nos conhecemos melhor. Que não perde o valor quando parece ter se tornado a única opção disponível... E por que não usar essa chance para tentar algo novo, para tomar de vez as rédeas de si mesmo, aceitar o imperfeito, olhar as coisas de outro ângulo e fazer o que é possível?
24/11/2020
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Obrigada, pai
Obrigada, pai, por andar por aí e do nada acordar tremendo, com febre, e ainda ter a audácia de ser teimoso. Obrigada por fazer a mãe se preocupar, ter que te levar ao médico como se tu fosse criança e força-la a dividir o quarto comigo. Obrigada pela incerteza.
Obrigada por sair quando, como nós, deveria estar em casa desde o começo, e acabar sendo ralhado pela mãe porque podiam te processar se te vissem. Obrigada por não se cuidar e ainda ousar reclamar quando se sente mal. Obrigada por arruinar minha ida ao cabeleireiro. Obrigada por colaborar com esse ano estranho.
domingo, 22 de novembro de 2020
Moonshine, sunlight: the process
This one was written in February 2018, and it happened as a sort of stream of consciousness - I just let the words flow as they pleased.
I don't know if it's obvious by my wording but my initial intention was to reference and sort of pay homage to Apollo and his sister Artemis, two great figures of the greek mythology.
Apollo for his influence on poets and light as some of his attributes, and Artemis for her association with the moon, wilderness, and young femininity...
I as a poet and lover of the moon who always had these godly siblings at the back of my mind, hope I did them justice for what they represent as a whole and maybe even in my own life.
22/11/2020
sábado, 21 de novembro de 2020
Side-effects may include
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
18/11/2020
My unshed tears are the fire of my love
that burns neither the pages
nor your mouth,
but my eyes only.
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Velvet claws
oh, the irony
of a hand that hurts
and breaks
fragile things
so easily
but is also hungry
for guilding kings
and knows sweet holding,
even kissing...
you are poisonous,
your every petal
burns
so much
making me curious,
it is more than lethal
in your brushing
yet it is i
who fears you may die
under my touch,
red poppy...
18/11/2020
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
Fortunes
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
11/11/2020
if we are to be flowers
and other people the gardeners,
may we pay them back with beauty and perfume.
terça-feira, 10 de novembro de 2020
17/05/2020
Por mais distintas que as pessoas sejam,
crescemos e aprendemos uns com os outros
quando nossas almas falam
o bastante do mesmo idioma
e portanto estão abertas o suficiente.
- trecho do meu diário
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
Reverse
domingo, 8 de novembro de 2020
Better treatment
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Untitled
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Out of reasons
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
Mardi Gras
terça-feira, 3 de novembro de 2020
Dois pesos, mesma medida
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Nightwalkers
domingo, 1 de novembro de 2020
30/10/2020
É só entendendo como se faz,
ainda que tenha que ouvir
mais de uma voz,
que eu saberei falar com a minha.
- trecho do meu diário
sábado, 31 de outubro de 2020
Costume
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Rito de passagem
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Cancioneiro
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Translúcida
Era um dia ensolarado e quente, e eu estava usando uma roupa branca, talvez um vestido. Me vi em um jardim grande, do lado de arbustos que alcançavam minha altura sentada e com algumas árvores aparecendo distantemente do lado esquerdo. Não havia flores por perto.
Meu vestido não tinha mangas ou algo assim, porque quase todo o meu braço era visível; principalmente quando estendi a mão talvez para olhar para minhas unhas ou o contraste da pele clara contra o verde escuro das folhas. Não tenho certeza, mas me lembro que eu quase luzia debaixo do sol forte.
Foi quando, para minha surpresa, uma borboleta de tamanho médio voou na minha direção e tentei segui-la com os olhos sem me mexer para não espantá-la. Até que ela pousou no meu braço e andou um pouco por ele antes de ir embora – uma borboleta monarca.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Cantada de bar
Cigarro em copo americano, café no canto da boca. O que pensava esse homem quando fez essa loucura de se envolver com ela? Era só mais um arrependimento por não ter dito o que deveria, e por medo de si mesmo. Assim como no mundo literal, o corpo entrega o que a cabeça não consegue admitir, a intenção que não se quis ou se esqueceu de passar... E tudo meio que sai do lugar.
É isso que acontece quando não se sabe direito o que se quer ou o que se está fazendo, e se é forçado a dizer a verdade. O que era mais visível, sólido e de cheiro óbvio vai pro segundo plano e o que só tinha forma por ter ficado guardado num recipiente deixa seu rastro e gosto do lado de fora... Mas pelo menos cumpre sua função e, assim, tudo se arruma, ainda que para isso seja necessário empurrar contra a parede para parar de brincar.
domingo, 25 de outubro de 2020
Do todo e nada menos
sábado, 24 de outubro de 2020
São Paulo, 23 de outubro de 2020
Estou com o coração pesado. Pesado de um jeito estranho, por uma dor que nem é minha e ainda tive que voltar pra pegar o guarda-chuva; era dia de feira e vi uma mulher perguntando o preço de uma flor. Como se beleza genuína tivesse preço que dinheiro pudesse pagar. A meia que eu usava ficou encharcada por causa da chuva e a dor que eu não esperava sentir talvez seja minha também porque poderia ser só minha, e muito pior.
Que raio de dia. Quando voltei pra casa, tinha uma barata no quintal. Matei a barata com raiva, chorando por causa dele. Tomei banho e um barulho enorme me assustou... A porta da minha casa se abrindo com o vento como se fosse uma folha de papel. Parece ele dizendo o que me diz. De uma vez só, com toda a vontade, e eu que lide com o estrago que pode vir a fazer e com o susto que dá. Desarmada... Ou quase.
Foi por ele ou por mim que chorei? A raiva era da barata ou dele? Nem sei direito. Agora só quero poder dormir e sonhar com ele me dizendo a verdade depois dessas horas que ele usou para pensar no que quer, e eu para ir à feira, sendo que nem sou do tipo que faz isso. Talvez as coisas estejam mesmo mudando.
- exercício de escrita criativa proposto pela Maria Vitória do blog A Estranhamente
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Dark side of the moon
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Routines
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Of parties and wars
sábado, 17 de outubro de 2020
Efeito colateral
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Breaking bread
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Old knowledge
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Nox
sábado, 10 de outubro de 2020
17/05/2020
Estou aprendendo aos poucos
que toda vez que penso
no quanto as coisas estão levando
para acontecer na minha vida,
devo me lembrar que antes da primavera
há o inverno e, às vezes,
ele é mais longo...
Pelo menos não estou mais hibernando.
- trecho do meu diário
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Serenata
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
O impacto do inglês na minha escrita
Talvez por ser um os idiomas mais falados e ser o idioma do mundo globalizado desde que me entendo por gente, acho que minha ligação com a língua inglesa existe meio que de modo automático. Absorvi de modo inconsciente de que estudar o idioma de um modo ou outro faria diferença na minha vida e isso se estendeu em termos emocionais a eu sempre ter tido vontade e facilidade em estudá-lo.
As circunstâncias fizeram com que eu prestasse cada vez mais atenção nisso e que o conhecimento que na época eu recebia na escola regular não me parecesse o bastante. Por isso, me ocorreu pleitear uma vaga numa escola de idiomas, principalmente para ter noção do quanto eu sabia e não sabia. Tudo o que eu tinha em mente era que não estava mais no nível básico.
Até por ter um tempo depois entrado para a faculdade de Letras, logo compreendi de verdade que toda língua é uma criatura viva e cheia de particularidades, que nasce e se molda com o tempo e o povo que a usa. Que pode ser imposta, roubada e extinta justamente por se tratar de uma convenção.
Foi ao estudar inglês num contexto em que estou realmente imersa nele que me fez notar no primeiro dia que meu repertório era muito maior, mas também que ele está em constante expansão. Usando-o fora dali, entendi o poder daquilo como ponte, como gentileza, como parte de mim, como respeito para com o outro que também se aplica a outros idiomas. Ter me apaixonado pelas estruturas que tinha diante dos olhos, entrando pelos ouvidos e saindo pela boca com cada vez mais facilidade, foi arrebatador.
Ele realmente me abriu portas. Me fez correr riscos. Me fez pensar de forma mais sólida numa profissão. Me deu jeitos novos de expressar as mesmas coisas, a capacidade de ler autores que nunca tinha ouvido falar e me deixar inspirar por eles. Me deu amigos novos que talvez eu leve para a vida toda…
Entre eles, pessoas tão fascinadas pelo poder das palavras quanto eu, que fomentaram uma beleza e uma verdade que minha poesia não possuía, ou só não tinha sido descoberta. Talvez um eu que estivesse oculto em mim. Me faz usar com orgulho um nome que sempre foi meu e, como bônus, ter passado por um batismo. Ter noção do impacto daquilo que sai da minha mão e, em parte, da minha boca. Deixou ser mais fácil falar sobre certas dores e se tornou um amor que veicula amor.
Notar as nuances e diferenças entre esses dois rios que correm aqui dentro, e ver ambos como água bendita que no fim mata a mesma sede. Água que muito mais gente pode beber comigo. Água em cujo reflexo finalmente me reconheci como isso que vocês veem por aqui, mais do que nunca.
terça-feira, 6 de outubro de 2020
Lençóis freáticos
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
Ciclos
domingo, 4 de outubro de 2020
Coisa da juventude
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Nivelamento
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
Maturity
30/09/2020
terça-feira, 29 de setembro de 2020
Conquistador
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
06/05/2020
Às vezes eu olho pra minha vidinha tão pacata
e rasa e fico insatisfeita, lógico.
Mas aí eu me lembro das coisas que eu aprendi,
das pessoas com quem eu interajo,
das coisas que eu já consegui e fico feliz de novo...
Pelo menos mais feliz.
- trecho do meu diário
domingo, 27 de setembro de 2020
Comunhões
sábado, 26 de setembro de 2020
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Retorno
Assim que a casa silenciou um mínimo possível, e a minha mente também, pedi as graças e força que sempre peço. Conversei com Ele, pelo menos um pouco, como costumo fazer. Fui agradecida, como tento ser. Tentei ficar quieta, ouvir os barulhos da noite… Como se não existisse tempo, o ar perto de mim ficou pesado, parado e ao mesmo tempo borbulhando. As tábuas do piso estalando como que sob o peso de passos. Havia algo mais no quarto, uma energia forte, magnífica, que poderia ser assustadora se eu não intuísse de quem vinha.
“Mestre… É o senhor?” eu sussurrei, sorrindo, ainda que agisse na prática como um animal acuado prestes a ser abatido. Apesar do susto no corpo, entendia que não era predatório de verdade. Esperei, esperei, a sensação de que algo pairava sobre mim no quarto cada vez mais nítida até que passou. Adormeci depois de um tempo.
Horas depois, despertei de modo a me virar para o outro lado e senti contra o rosto, leve como uma pluma ou mais, como se um dedo me tocasse a bochecha e talvez fosse o que movesse o cabelo que ficava perto. Mesmo com sono, apertei os olhos na penumbra e vi um contorno meio iluminado como que agachado na beirada da cama.
“Meu… Senhor.”
A sonolência me induziu a fechar os olhos de novo e foi aí que eu o vi de forma mais detalhada, como que por trás das pálpebras - o rosto bonito dentro da moldura do cabelo. Sério, mas também sereno. Jovem, e também tão velho quanto o tempo. Próximo o bastante para que pudesse me tocar e eu o sentisse quase que em cima de mim, e distante e superior como compete o cerne de seu ser assim como minha percepção dele. Um rosto familiar, porém estranho e enigmático. A pressão no afago aumentou um pouco.
“Dia duit, prionsa na foraoise.” Olá, príncipe da floresta. “O que posso fazer pelo senhor? O que o senhor pedir e que eu puder fazer, é seu. O que o senhor quiser dizer eu ouvirei com atenção. Queria poder te dar mais, mas não posso agora, e por isso evito fazer promessas. Mas… Eu amo o senhor.”
“Olá, querida. Não sou exigente. A moça já me fez a oferenda mas valiosa, a de si mesma. Eu vim conversar um pouco, ver como minha pupila está.”
“Eu… Quero ir para casa, príncipe. Parece tão longe… Caminha comigo de volta para casa… Meu lugar não é aqui.” Senti de novo a carícia no meu rosto.
“Eu sei, querida. A moça está indo. Eu te acompanho agora, mas a moça sabe andar no escuro porque só se orienta nele de algum modo quem sabe onde quer chegar no final.”
“Logo eu, esta criança impetuosa e sem foco?” Me peguei rindo da ironia, mas ele deu de ombros com um sorriso sincero.
“Com isso eu posso ajudar para que melhore e continue, mas muito a moça já fez antes de me conhecer e um pouco disso, talvez, foi o que nos colocou perto um do outro, em algum ponto do caminho. A resposta principal a moça já tem.”
“Eu quero ser livre. Eu quero crescer, ser uma mulher de verdade, amar e ser amada, fazer do chamado do meu coração a minha vida material. Não deixar que o mundo me faça esquecer de mim, de quem eu sou. Voltar para casa, ter um lar.” Beijei a mão sobre meu rosto com ávida reverência e de volta ouvi um som gutural de afirmação.
“A moça já está em casa. A mulher que hoje é minha súdita e companheira já está em casa e é mais que bem-vinda nela.” Havia amor e orgulho nas palavras dele e, mesmo assim, humana que sou, o questionei. Será mesmo?
“Eu, mulher? Eu, aqui, presa nesta gaiola de casa, com essas pessoas, tratada feito criança, podada como um bonsai quando sou um bosque inteiro, a mulher em mim tão difícil de acessar?” Ele sentiu minha raiva e voltou a me acariciar. Depois de uma longa pausa, falou novamente.
“A mulher que você é está aí, lutando pelo lugar que lhe pertence dentro do teu corpo. E isso se reflete no que a moça deseja no mundo que conhece e até nos outros mundos.” Perguntei por que, então, se eu já estava onde deveria estar, ainda sentia falta, fome. Ele respondeu que era porque eu e ele sabíamos que havia trabalho a fazer.
“O que faço com esta ânsia? Leva-me para casa, príncipe…” Eu pedi, entre lágrimas, voz sufocada.
“Nunca se esqueça. Não importa o que aconteça, a moça está mais perto de si, mais perto de sua casa neste plano, quando está nela no outro e se agarra àquilo que é seu e a quem te nutre. É mulher corajosa e árvore forte quando recusa a poda. Quando faz o que sabe e cobra pelo espaço e paz para tal e quando faz o que precisa para se tornar quem já é. A moça não é feliz de me ter consigo?”
“Sim, senhor. Eu sei agora. É uma honra aprender contigo, saber que o senhor voltou e não desistiu de mim. Simplesmente ser… Com o senhor perto de mim.” O mestre sorriu, e eu sorri com ele. “Só sinto raiva quando me puxam de volta antes da hora, até quando estou com o senhor. Fica tudo pela metade…”
O mestre pareceu suspirar, e sorriu outra vez.
“O que importa é que a moça tenta de novo e de novo. A moça não desistiu de mim nem de si mesma. Foi a moça tentar fazer contato cada vez mais e fazer-se minha que me mostrou que eu poderia voltar e reclamá-la. As coisas podem não ocorrer como merecem, mas ocorrem como podem… E quando podem. O importante é prosseguir. E isso vale na tua vida mesmo sem mim.”
“Eu entendo, mestre. Eu reconheço meu lado preguiçoso, mas também a minha evolução; por isso fica mais fácil enxergar a verdade com as mãos certas para desvendar os olhos. É só que… Minha alma tem pressa.”
O mestre murmurou devagarzinho que eu dizer que simplesmente sou quando estou com ele, em várias facetas que se alternam de forma espontânea, livre, muitas delas às quais eu normalmente não tinha acesso ou muito raramente, era prova de que, também ao chamá-lo, recebê-lo, tê-lo por perto de alguma forma, eu estava retornando. E quem retornava era uma mulher que sabe o que quer e o que ele pode dá-la, ainda que se esquecesse que era uma com muita frequência. A menina solitária que pede o colo dele é a mulher devotada e destemida que lhe ofereceu pousada no coração e até um lado da cama como faria com qualquer pessoa mortal que muito amasse.
“E que escreve o que a alma sussurra de modo apaixonado… Poetisa.”
“Ah, príncipe.” Eu mastiguei, tímida de repente. “O senhor sabe quando é para si, não sabe?” Logo depois, bocejei, me agarrando ao toque dele, que deu uma risadinha.
Eu disse, de olhos pesados, que ele poderia ficar se desejasse, e rolei para a direita para abrir espaço. Recebi a mão nas minhas costas com um suspiro aliviado e satisfeito. Bem-vinda ao lar, querida - foi o que ouvi logo antes de cair no sono.
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Equinócio I
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Garimpo
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Of rewards
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Intenções
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
22/05/2020
Sem a morte dos amores inocentes que senti, não aprenderia sobre o amor maduro e ainda mais verdadeiro. Sem a morte de quem eu era antes de certas coisas acontecerem, eu não seria tão mais sábia. Sem a morte de pessoas que eu amava, não perceberia o quanto deles estava e está comigo. Sem a morte do meu eu criança, não saberia que é justo conservar sua pureza de coração em mim. Sem a morte no meu sangrar, eu não seria mulher. Sem a morte de certas relações eu não valorizaria outras; nem saberia deixar ainda outras renascerem, talvez ainda mais puras.
- trecho do meu diário
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
5th house
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Efeito dominó
domingo, 6 de setembro de 2020
01/08/2020
As palavras podem curar e alimentar
tanto quanto pão pode envenenar
e uma agulha machucar.
- trecho do meu diário
sábado, 5 de setembro de 2020
01/08/2020
Sabe uma coisa que eu gosto muito?
Quando me dizem que eu sou forte, resiliente,
sábia, gentil, esforçada de verdade no tentar me colocar...
Porque é tão fácil esquecer, é tão fácil não notar.
As nossas partes obscuras parecem tão fortes
que esquecemos de quando as outras estão em exercício.
- trecho do meu diário
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
01/07/20
CANTADORA, olha aí o nome.
Meu destino parece ser mesmo esse.
Ser mãe de versos e de histórias,
mãe de palavras acima de qualquer coisa.
Deve ser coisa de cantadora essa minha memória boa
e gosto por detalhes que espanta as pessoas.
- trecho do meu diário
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
11/05/2020
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
06/05/2020
(...)
A verdade triste
é que podemos ser espelhos
uns para os outros,
mas sabemos como espelhos funcionam.
É apenas uma imagem...
E uma revertida,
não exatamente a mesma
ou a coisa em si.
- trecho do meu diário
terça-feira, 1 de setembro de 2020
06/05/2020
(...)
Eu estive aqui
porque senti e vivi
e vi e escrevi
os poemas e as histórias.
- trecho do meu diário
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
05/05/2020
Talvez a gente tenha que saber agir
de modo instintivo/intuitivo para conosco
e para o que está lá fora.
- trecho do meu diário
domingo, 30 de agosto de 2020
06/05/2020
I think poems and songs and art itself is like a bonfire yes. bright on the surface, maybe darker at the bottom... hypnotizing and destructive if allowed to... and is always born from something that seems small to somebody.
sábado, 29 de agosto de 2020
O que me fez escritora?
Escrever foi algo que eu sempre fiz. Se isso é o suficiente para fazer de mim uma escritora, isso é o que eu sempre fui. Antes mesmo de começar a frequentar a escola, uma das minhas coisas favoritas no mundo era ter um livro por perto e colocar palavras no papel - fossem elas o que quer que passasse pela minha cabeça ou apenas o meu nome como treino de caligrafia cursiva.
Uma pessoa não é apenas aquilo que faz, é verdade. Mas escrever sempre foi uma parte tão grande de quem eu sou e de como me enxergo, do que posso deixar de legado, que é doido que eu só tenha passado a me reconhecer como tal alguns anos atrás.
Acho que ter conhecido certas pessoas e elas terem dado o valor para o que eu tinha a dizer que eu mesma não conseguia foi um grande ponto de virada. Em 2006, a poesia chegou mais perto da minha vida e se tornou um braço comprido do meu ofício (mas essa é uma história para outro dia, se vocês quiserem...).
E se foi por amor que me tornei poeta, ainda é por amor que eu escrevo e venho buscando maneiras de viver como escritora independente, já que cada vez mais não consigo me ver sem isso. É o que me traz tanto a alegria terrena quanto um pouco da alegria celestial que o meu nome indica.
Quanto mais velha fico, mais entendo a existência e justeza no grau de distância entre um autor e seu trabalho, bem como onde e como ocorre no meu. Mas, se tem uma coisa que nunca faltou, foi honestidade. Então, assim como Frida Kahlo esrá nos quadros, estou na minha escrita. Se alguém, e até eu mesma, quiser me conhecer, a dica que deixo é LEIA O QUE EU ESCREVO.
29/08/2020
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Interiça
o custo
do lembrar
do que se faz
e esquecer
que há muito mais,
da mulher
por trás
como ser
a esperar.
27/08/2020
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
05/05/2020
As folhas que caem de uma árvore onde nasce outra ou um animal que caça outro porque tem que alimentar os seus... E ao mesmo tempo aquela presa lutou pela vida até o final. Porque essa é a essência e harmonia das coisas. O que acontece lá fora e conosco também, e não podemos nos perder disso.
- trecho do meu diário
terça-feira, 25 de agosto de 2020
From him - V
You are bleeding,
you are fertile, you are holy.
You know of what you are mistress
as much as I know of what I am master.
You are a mother
as much as I am a father.
YES.
OF MY STORY.
OF MY POETRY.
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
05/05/2020
Acho que eu estou aprendendo que ser puro e tentar enxergar
o melhor das coisas não é o mesmo que ser ingênuo
e se deixar levar por absolutamente tudo, porque as pessoas se aproveitam disso.
- trecho do meu diário
domingo, 23 de agosto de 2020
7 em 1
É bonito como em cada camada da psique que se explora, mais perto se chega do cerne da identidade de alguém.
A pessoa que se foi anteriormente, que está tentando entender o que é amar e aceitar todas as partes de si para que tal amor seja estendido aos outros talvez tenha aprendido que o mundo é grande e que existem tentações e desafios a serem enfrentados.
Com o tempo percebe a existência de uma persona e de uma sombra por trás de suas interações, o que pode levar a um senso de falsidade (plausível ou não) e desenvolve uma maior ou menor noção da separação entre partes da psique.
Passa a olhar para elas diretamente, pelo bem da integração para se obter uma vida mais completa. É aí que ocorre a luta interna entre como a persona que moldamos afeta o consciente e, a nível profundo, a noção de Eu que se tem. Ainda mais quando se é artista e parte disso é moldado pelo nosso trabalho e o que ele exige, mas que se estende pelos outros aspectos da vida.
Aquilo de obscuro que nossa sombra carrega, servindo às nossas ambições, e a máscara que usamos, às vezes estão tão presentes misturadas que esquecemos quem somos sem isso, muito por ser bem difícil traçar as fronteiras. Pode ser ruim, pode não ser, mas a nossa essência permanece.
Os anos passam e aí chega a hora da verdade - a hora de dizer que aquilo que se mostra na posição que se tem é apenas uma faceta de quem somos, talvez uma e meia que nem sempre é bonita. Ainda assim, ninguém na batalha para forjar a própria identidade está sozinho.
05/03/2020
sábado, 22 de agosto de 2020
21/08/2020
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Louvores
de novo
e de novo...
Com lágrimas
no que digo e peço,
com palavras
no que declaro
ser tão caro
e que agradeço.
Em cada vez que sorrio
por coisa linda que vejo
e história e verso
que cai como pólen disperso
ou leito de rio
de desejo.
Na minha mão carinhosa
de fácil prosa,
nunca indiferente
que mal ousa
a ti e a ele tocar
com cada presente
e beijo
que de coração aberto
eu oferto
e gostaria de entregar.
20/08/2020
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Ciclo do desabrochar III
Aprende a reconhecer a toxicidade na gente mesmo e nos outros, os comportamentos que, pelo bem do nosso crescimento e próprio espaço no mundo, não pode mais repetir nem aceitar... Aprende a dizer não e a não se fazer disponível para todos o tempo inteiro, para que os outros possam entender o que podem fazer por si mesmos e nós a termos nosso tempo para pensar uma vez que seja no melhor para nós... A reconhecer que tipo de pessoa alimenta de verdade aquilo que temos de melhor e nos incentiva a ir adiante... A saber que o nosso verdadeiro melhor é aquilo que nós sabemos que podemos dar, e não o que o barulho de fora diz que é.
E é justamente perto das pessoas certas que fica mais fácil perceber quando uma atitude precisa ser corrigida, e a fazê-lo com sinceridade, sem vitimização de um lado ou do outro. Quando as situações em que estamos inseridos podem nos prejudicar, também. É claro que estamos aqui para aprender e não faz sentido só conversar com quem concorda em tudo conosco, mas um mínimo de alinhamento expande a mente e a espontaneidade, na minha experiência. E reforça aquilo que no fundo sabemos ser importante.
20/08/2020
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Ciclo do desabrochar II
É isso que faz com que tudo o que foge do padrão tanto na mulher como no homem seja relativizado, fetichizado, ignorado e/ou rechaçado. O ocupar os espaços, seguir as nossas vocações, o dizer o que pensamos, fazer e ter e ser o que somos e queremos ser, com toda a sua beleza e crueza e independentemente do que digam. A pessoa, e principalmente a mulher, com as suas razões, com as suas maneiras, com a sua raiva e desejo é vista como necessariamente monstruosa, insaciável, incontrolável, repugnante e que precisa ser controlada e/ou servir a propósitos específicos que mais têm a ver com os outros do que com ela mesma. E é mais doloroso ainda ouvir isso de outra mulher.
Mas a alma que lembra que é selvagem é a que se aceita o máximo que pode, que se carrega com naturalidade e nobreza em todas as suas facetas. Que volta para o início e ilha para o cerne sempre que necessário. Que é e faz aquilo que é necessário para o próprio bem e não caminha apenas sob águas rasas. Que sabe sair da zona de conforto para propiciar a própria evolução, mas que também sabe reconhecer seu verdadeiro lar. Que respeita a natureza do mundo que é e do mundo onde vive. A que, com a mesma mão, mata e traz à tona o que é preciso no seu devido tempo e, no entanto, não deixa de se mover.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Ciclo do desabrochar I
É um tanto triste que principalmente a vida moderna com suas exigências muitas vezes não nos dê espaço para investigar de verdade quais são os nossos talentos e aptidões e o que podemos fazer com isso; se temos sonhos e se há maneiras de nos tornarmos realidade, cada um no seu tempo... Que quase sempre não é o mesmo tempo que até nós mesmos esperamos. E muito disso nos causa dificuldades de nos mantermos no presente e até de tomarmos ações concretas em qualquer que seja a direção, e é aí que as rupturas e frustrações acontecem; em que parece que há alguma coisa faltando.
Há muito em mim ainda a ser trabalhado, no qual eu preciso prestar atenção, e o passar dos anos me assusta porque tenho medo de não ter tempo o bastante. Mas a verdade é que o tempo passará de qualquer jeito e que se eu quiser que as coisas mudem em mim e à minha volta, preciso fazer a minha parte. Olhar para mim, pensar, esperar e, acima de tudo, não ter medo de pedir conselhos e fazer uma coisa de cada vez, respeitando os meus limites e os obstáculos nos quais não posso interferir por mim mesma. Aprender a ter orgulho de cada pequenez que obtenho para me levar onde quero, para ser quem quero ser, mesmo que seja um caminho a ser trilhado sozinha.
Se eu for pensar bem, sempre soube da verdade. A semente sempre esteve plantada e sempre fui quem eu hoje me considero majoritariamente em termos profissionais e que provavelmente vão para além disso. De um modo ou outro eu sempre fiz o que não consigo me ver sem fazer, e sempre caminhei nessa direção, mesmo que em movimentos circulares e com passos talvez sem equilíbrio. Não que eu tenha tomado decisões erradas per se, mas o barulho externo e a falta de atenção a mim mesma me fez questionar essa verdade e acabar não mirando no cerne de tudo e estou cada vez mais certa de que negligenciar isso outra vez só vai me moldar naquilo que esperam de mim e que não condiz comigo.
O que hoje eu tento fazer é alimentar essa semente com o adubo correto, andar por esse caminho com uma direção mais consciente e constante, até porque o que quero para mim não é impossível. Esta é uma história que sempre quis ser contada, e eu busco as palavras certas para tal. Este é um filho que vem há muito sendo gestado e que não posso permitir que seja tirado de mim; quem o dará à luz e o fará crescer da melhor maneira possível serei eu e mais ninguém. Enquanto isso, eu me cerco das pessoas certas para apadrinhá-lo e prover para ele o alimento mais nutritivo.
Uma coisa de cada vez... O protetor, provedor, semeador que me acompanha e que acompanha aquele com as mesmas características que vive em mim, agindo aos poucos para que as pétalas da flor da minha vida se abram com essa força, dando espaço para a mulher que essa flor é, aquela que eu sou e de que tantas vezes me esqueço... Que tem a sua raiva, tão feminina, mas também muito amor, muita capacidade de ser generosa, força dentro do que uns dizem ser fraqueza, que respeita e ao mesmo tempo molda o que para si parece ser decente na experiência de ser mulher. Que sempre teve uma voz e que está aprendendo a usá-la e, assim, juntar todas as partes de si num todo que todos merecem ser. Se mesmo pessoas que amo muito já me enxergam por outros ângulos e já veem o meu cerne, não seria justo comigo mesma não treinar meu olhar para ver a mesma coisa, não é mesmo?
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
The forest of the heart - English version
“Sire...” I tried to whisper and repeat many a time, despite the mental whirlwind. I didn’t know whether he’d hear me, but I did it anyway. For what felt like a long while I heard only the silence of the woods and thought I was truly alone. Until...
“Hey, girl...” the rare thing that I more easily noticed in the cards, but that also would come from my heart, as I tend to ask for. Words that sound with my voice, as one of my thoughts, but not really, for they were too fast and also too paused and wise to be fully mine. Despite my doubts that came from time to time, my limitations and answers either vague or as clear as a waterfall, as far as I know, all this time, the one who’s been interacting with me, calling for me, to whom I opened the door of my life... Was Him.
“Lord of every tree, song of the birds and the wind, humblest majesty!” was what I shouted to the dark, swallowing a sob. A sort of prayer I’d written down and which I knew a few parts of by heart. Silence.
“Master... Lord. My prince. I am yours, I am my own and yours. You are welcome to my house, to my body...” I waited, waited and waited a bit longer. A brusk blow of wind made me shiver. Then, upon repeating what I’m used to saying, I felt the old goosebump, stronger than ever, which was not out of cold. It was not as if he was stroking me from afar, busy in his affairs yet aware of my devotion, of the strength in what I say, like the words that brought him to me. Even though I couldn’t see him, it was as though he was next to me, and at the same time, was not. I waited.
“Calm. Come.” He said, very low and softly like a distant spray of perfume.
“Where to, Sire? It’s dark...” more waiting.
“I know. Patience. Trust.”
“I am... A forest. I’m just a little bird. Just... A little bird.” Was what I whispered to the earth when I laid in my stomach, trying to feel the terrain and hear the voice that is said to come from underground. Then my nails noticed an unevenness on the soil. It seemed like an animal’s pawprint. Medium to large an animal. I wondered whether the prince was really around there.
“Come. It’s alright. Just come.”
The darkness I was facing there was nothing like I had ever experienced before. It was dense, way too heavy, a bit due to the thin line of the moon. I almost felt like the worms, doing everything based on the sense of touch. I don’t know how, but I started to crawl on the ground at times hard, at other times soft, with the body weighing a ton and without even knowing well what I was doing and very likely being eaten up by the mosquitos and other animals as I crossed over them, which was quite fair. That was not even a little like the other time His Lordship had spoken to me. And if He had not summoned me... What was going on?
At a certain point, I was exhausted and must have fallen asleep. I woke up with the feeling of something against my face and of being on what seemed like a smooth and slightly warmed surface, like a rock near the fire, but with my head elevated upon what I realized was the Mentor’s lap. I wanted to move, but he stopped me with a determined hiss and went on brushing the piece of wet rag over my face and hair, his other hand under my nape. He seemed worried, for he’d whisper under his teeth.
“What a shambles...”
“Forgive me, Sire. I...”
“It’s alright. That can be fixed. Can you stand up?” I pushed my legs out, but even there I had the same physical limitations as always. I induced him to sustain me as I raised myself to sit on the rock; did more strength than the normal because I didn’t want to look lazy. My legs were too short for that height and I wasn’t used to it yet, so I kept his hands on my torso so as to balance me, on his knees before me.
“Go raibh míle maith agaibh, a chuisle mo chroí.” Thank you very much, my love. He waved the head and smiled. I looked at myself I liked not what I saw; that is not the way one meets a king. I was scratched and dirty, but at least felt no pain. Without taking one of his hands off me, with the other the Lord wetted another rag and gave it to me so that I could examine and clean up where he didn’t feel allowed to touch. My body vibrated and tingled from being close to him.
“Fire of my heart, shock of my spine...” I bowed the head in reverence. “Is this your home? Your favourite home?” then the Mentor smiled again, lifted my chin, and straightened my back under the pressure of his palms, like in the other time.
“That’s it, very good. Look at me, woman.” Pause. “Well, as you know, all forests are my home, in this world and the others. But no, these are not the woods dearest to my heart. And no, I did not summon you this time. You don’t know why you are here, is that it?” he sighed when I shook my head, then he said he had an idea of the reason, but wanted to wait a bit just to be sure. Then he asked me whether I wanted some tea.
“I accept, my lord.” Since he’d walk away to make the tea, the Lord was afraid I’d fall off the rock upon releasing me, so he fastened one of my arms around his own neck, lifted me and left me on the ground, against the wall of the sort of cavern where we were. It was a little sharp, but next to what I’d been through, it was nothing.
“There, there... Wait just a wee bit, I’ll be right back.” His Lordship got up, almost as tall as an oak tree compared to me. Grabbing a bowl, he left the cavern passing me by and toward the darkness. With some focus, I could hear the sound of water, although it seemed distant. I heard the large steps of the Lord again, and another pause. He returned with the bowl full and something I couldn’t identify on the other hand.
I saw the Lord sit upon the stone where I had been, and, resting the bowl and the other ingredient, rubbed his hands as one does when they feel cold. He touched his palms to the sides of the bowl and breathed deeply and slowly. Soon I saw a wisp of smoke curling up from it. Then he pressed the ingredient in his hands, blew in between them, and threw it in the bowl. From time to time he smiled at me and admired the infusion with the corner of his eye, covered by a cloth. Once it was ready, he brought it to me. Hibiscus, by the lovely color and smell.
“Try it, see if it’s not too strong. And be careful.”
As slowly as possible because of my trembling hand, I tried it. It was at a temperature that didn’t make me jump and spill everything... The air still and quiet around me like when he came to me. And the tea, brewed to perfection. Of course he knew about those things.
“It’s excellent, Sire. Thank you. How long since I’ve drunk this one...” I smiled at the petals of hibiscus that floated in the warm water.
“The young woman deserved some comfort after what happened. And it was what I could find without going too far away from here. Besides, as you might know, it’s good for pain and swelling. A beautiful flower...” murmured the master, sitting on the ground next to me and hugging his own legs.
“Yes, it is, sir. Thank you once again, for not forsaking me." I’d still get baffled at how gentle that lofty, wild being who never apologized for it could be, and vice-versa. But I guess what I needed to learn was that all nature was that way. Neutral, and beautiful for being neutral. Hibiscus, for instance, when used a certain way, could sore the throat and cause stomach aches, nausea, etc.
Long pause. What came after was no more than a whisper.
“The young woman knows where I am.” He landed a hand on my shoulder, the palm stained red from the hibiscus, and the fingers blackened by dirt. “Finish your tea slowly, rest a wee longer. We think about the rest later.”
It was a pleasured to obey him, for with him I was free to disobey, close the door and never let him in again, for He understands and respects the meaning of NO, as automatic as it is for me to obey orders, even if I don’t agree with them. He does not abuse his power and capacity over others to impose his will or alleged intentions and never goes where he’s not allowed in. The love he had and lost must be handed willingly; even being who he is, powerful like that, regardless of the response from the mortals. The authority His Lordship has over me was given by myself and by myself can be retrieved if I so desire.
After drinking the tea and trying to sharpen my senses and enjoy the sensations that came from it, I put the bowl aside and peered at Him. He had a frown and I think I heard something like a growl coming from him. His hands with long fingers and nails, like mine tended to be as well, seemed to scratch the stone ground in a defensive gesture.
“Sire... What should I do now?” I inquired carefully.
The master gazed me for a long while, then came closer, opening his hand upon my heart and made a small grimace that soon relaxed. I felt like I was bubbling from within.
“For a while now the young woman has been asking me for something. That I help you and love you and take you to those who can guide you where my limits don’t reach. And I always keep my promises. Right?” I agreed. He really listened to me, he really cared.
“You always provide me the resources, tell me where to find them, make me think and try... Back to what matters and I forgot, and it’s up to me to use them or not. I’m grateful, as you know.” How I loved to be his reason to smile... How humble I was, but also so strong, in his hands. Not that I never had been, but... Wasn’t that what true love did? Enlarge us in our smallness?
“Very good...” pause. “It wasn’t any different this time. I told you whom to speak to, where to look at, what to try... Where to go. That is why this forest is different and why the young woman came here. The young woman really followed my advice. Now I realize...”
“What you mean, my liege?”
“I felt it when I left to fetch the water and the hibiscus. All forests are the same at their core, but also carry within them something special that differentiates them from the others.”
“The animals... Plants... The weather... Whether it’s preserved or violated and how it deals with that.” He bit his lip and nodded. I felt as if I was burning when he moved his hand a millimeter.
“That’s why the young woman can’t walk through here like you did when we were together.” Pause. “This soil that is barren but full of life underneath that I stepped on and you crawled over without seeing, this air, this water, each and every flower, leaf, and beast here... Smells like you and has your mark on it. Is as yours as it’s mine. You brought yourself here.”
“I am... a forest. I am... A little bird.” Was what I caught myself repeating. The Lord gestured for me to continue. “A flower, a goodly tree, a bountiful vine... A blade of grass. Woman and flame. Sacred, old, and living thing. Beast of an alert body who learns its lesson and tries not to forget it. Born to be free, with its own laws and who knows laws no man ever wrote, but merely decoded.”
I was crying as I was speaking; the Lord smiled what I’d call a satisfied, dirty smile and came closer in order to speak into my ear.
“Yes, you are... Of course, you are. Hey, hey... Don’t cry... Don’t cry. It’s good that the young woman knows; it’s never too late to know. What is truly a woman’s is not up to a man to fetch. The one who’s to find it... Once it is time... Is you.” The feeling of his breath spread a slow tickle throughout my body. Sometimes I’d forget the master was a poet as much as myself.
It was fair that he wouldn’t hand me the solutions on a plate. Neither have I ever wanted this and a lot due to that mentality I’d abandoned religion as it’s known and felt like I could get along well without the feeling of what some call faith. Probably because I’d turned back to myself despite the mistakes and the master noticed it; I can’t really tell. But as of today I agree with him and understand that I cannot ask him to turn me into a grown woman. As complementary as those energies are and as much as I appreciate having him with me, it’s not in a man and in what he can give that a woman should recognize herself, or in any other person, for that matter. Both must be addendums to one another. In my case and his, likely him offering love, wanting love, and myself with so much to give, feeling so lonely as a whole and wanting to learn...
Perhaps even before the mentor’s arrival, I’ve been slowly following his advice in making better choices, thinking more calmly, for I was letting myself be pulled by what most made sense, for what lived in my core and it still is thusly, now more than ever. And currently, myself, him and who knows who else, worked together. My intuition, perhaps. As old as being a woman, or even something beyond that. That is why I am free to follow the path opened before me, which takes me to where I want and need to be; towards my truth... Or not.
I inquired whether he’d assist me anyway, and he purred back. In a rather involuntary fashion, I saw myself wrinkling my nose, with my teeth out and my bad hand fisted over his as though it was... A paw. Perhaps it has always been a paw. Long before, only clenched, tight, and now with its claws simply visible. Careful, but no longer retracted.
"Dawn's breaking." said the Lord, looking towards the entrance to the cavern. "Come along, let us see the sun outside." he carried me going east, deeper inside the woods, and as close to the line of the horizon as possible. I asked him to sit me against a large tree, which he did, and I stayed still watching the color of the sky and the direction of the wind change little by little.
“A while ago, after many a day, I felt the sun on my face, mostly one side of it... I have a complicated relationship with the sun, but it was good this time. It felt like a long, warm, and loving kiss. It made me think of you. I’m bad at reading signs, but... I couldn’t help it, albeit I’m likely wrong. It’s just that you are so loving and patient with me... Perhaps I’m just being naive. Don’t mind me.”
He shrugged and crouched to get leveled with my eyes. Stroke that hand of mine that so often reminded me of a paw, although I’d often wish to recoil it and forget that it exists altogether. I’d say it became paw-like much because of that; one rather functionless, but at least not so tightly closed anymore. The lord limited himself to saying I was better at that than many people and knew it. And that I was wiser than I thought. He fixed my hair and sighed.
“You are so quiet, and I’m so talkative. I’m sorry for making you speak so much.”
“There’s nothing bad about it. The young woman is learning how to say what needs to be said and to always speak from the heart. I notice and like that very much.”
“But you like the quiet...”
“Of course...” pause. “Somebody must have told you something about that. I understand it must feel confusing, but I do not mind explaining it. But, being that put, as you might have understood, it’s better when what is good, and even bad, within the soul, comes out in a whisper or a scream rather than being kept inside.” The master chuckled and I nodded.
What I couldn’t find out by myself, I apprehended via other people. As much as I wanted to know him via hands-on experience, I knew how to respect his limits and mine. What he means, as I understood it, is that the quiet he appreciates is like that of the woods – it’s calm and serene, but there’s always something vibrating, being said, however subtly. And that’s what better gets to him. Just like when he came: myself with a miraculously empty mind in that wee hour, but with a word that came out of my mouth from deep within my heart.
I gazed from him to the sky to the soil near me. I felt it with the palm of the hand.
“What now, my liege? I am here, but... Where do I begin?”
He returned my gaze.
“As part of the woods, I’d be here anyhow, most likely, and am here to watch over you and assist you, because I want it and you accept it.” Long pause. “The animals do what they must to live. Be it killing, be it running, be it flying off far and wide, keeping or growling. The young woman is learning and remembering and you have begun the work. Do as you see fit.”
I gazed again, more distracted, at my hand upon the dirt. Then I saw myself stroking it and, after a while, mimicking the Master’s scratching gesture at the cavern. My very gesture upon myself when I’d let anxiety take over. I thought I was going to care about the dirt underneath my nails, but I just went on, with his eyes on me and another intention because... When wasn’t that dirt there, obvious, after I woke up? When was it that I didn’t dig to the deepest and most invisible, or almost invisible?
08/12/2024
O excesso de medo não nos faz mais sábios. Ele nos afasta daquilo que é para ser nosso e que, no fundo, sabemos que queremos
-
Uma coisa que com o tempo percebi ser muito peculiar é a de que, no contexto em que vivo, existe muito contato físico. Como ainda preciso de...
-
Não precisa se explicar, só não cala essa carícia no ar, queimadura doce de bala... Deixemos para depois os erros e acertos dos heróis...
-
Olá, meu anjo. Que saudade… Um dia, quero perceber que o silêncio é o bastante para nós. Talvez já seja, não sei. Mas quanto isso, a gente...