quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O impacto do inglês na minha escrita

 Talvez por ser um os idiomas mais falados e ser o idioma do mundo globalizado desde que me entendo por gente, acho que minha ligação com a língua inglesa existe meio que de modo automático. Absorvi de modo inconsciente de que estudar o idioma de um modo ou outro faria diferença na minha vida e isso se estendeu em termos emocionais a eu sempre ter tido vontade e facilidade em estudá-lo.

As circunstâncias fizeram com que eu prestasse cada vez mais atenção nisso e que o conhecimento que na época eu recebia na escola regular não me parecesse o bastante. Por isso, me ocorreu pleitear uma vaga numa escola de idiomas, principalmente para ter noção do quanto eu sabia e não sabia. Tudo o que eu tinha em mente era que não estava mais no nível básico.

Até por ter um tempo depois entrado para a faculdade de Letras, logo compreendi de verdade que toda língua é uma criatura viva e cheia de particularidades, que nasce e se molda com o tempo e o povo que a usa. Que pode ser imposta, roubada e extinta justamente por se tratar de uma convenção.

Foi ao estudar inglês num contexto em que estou realmente imersa nele que me fez notar no primeiro dia que meu repertório era muito maior, mas também que ele está em constante expansão. Usando-o fora dali, entendi o poder daquilo como ponte, como gentileza, como parte de mim, como respeito para com o outro que também se aplica a outros idiomas. Ter me apaixonado pelas estruturas que tinha diante dos olhos, entrando pelos ouvidos e saindo pela boca com cada vez mais facilidade, foi arrebatador.

Ele realmente me abriu portas. Me fez correr riscos. Me fez pensar de forma mais sólida numa profissão. Me deu jeitos novos de expressar as mesmas coisas, a capacidade de ler autores que nunca tinha ouvido falar e me deixar inspirar por eles. Me deu amigos novos que talvez eu leve para a vida toda… 

Entre eles, pessoas tão fascinadas pelo poder das palavras quanto eu, que fomentaram uma beleza e uma verdade que minha poesia não possuía, ou só não tinha sido descoberta. Talvez um eu que estivesse oculto em mim. Me faz usar com orgulho um nome que sempre foi meu e, como bônus, ter passado por um batismo. Ter noção do impacto daquilo que sai da minha mão e, em parte, da minha boca. Deixou ser mais fácil falar sobre certas dores e se tornou um amor que veicula amor.

Notar as nuances e diferenças entre esses dois rios que correm aqui dentro, e ver ambos como água bendita que no fim mata a mesma sede. Água que muito mais gente pode beber comigo. Água em cujo reflexo finalmente me reconheci como isso que vocês veem por aqui, mais do que nunca.

08/10/2020

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