Talvez eu tenha dificuldades ainda no “impor limites” porque esse tipo de situação nunca me foi ensinada. É como se no meu contexto, por mais horrível que seja o que e como é dito e feito seja, ninguém diz nada, ninguém se desculpa de verdade, ninguém se impõe respeito. Fica tudo muito misturado, todos sabem de tudo e dão opinião para tudo e age de forma sufocante; ninguém diz não para ninguém e é fácil replicar esse tipo de comportamento... Até que o ponto de virada se faz necessário. A gente cansa e se obriga a aprender.
Aprende a reconhecer a toxicidade na gente mesmo e nos outros, os comportamentos que, pelo bem do nosso crescimento e próprio espaço no mundo, não pode mais repetir nem aceitar... Aprende a dizer não e a não se fazer disponível para todos o tempo inteiro, para que os outros possam entender o que podem fazer por si mesmos e nós a termos nosso tempo para pensar uma vez que seja no melhor para nós... A reconhecer que tipo de pessoa alimenta de verdade aquilo que temos de melhor e nos incentiva a ir adiante... A saber que o nosso verdadeiro melhor é aquilo que nós sabemos que podemos dar, e não o que o barulho de fora diz que é.
E é justamente perto das pessoas certas que fica mais fácil perceber quando uma atitude precisa ser corrigida, e a fazê-lo com sinceridade, sem vitimização de um lado ou do outro. Quando as situações em que estamos inseridos podem nos prejudicar, também. É claro que estamos aqui para aprender e não faz sentido só conversar com quem concorda em tudo conosco, mas um mínimo de alinhamento expande a mente e a espontaneidade, na minha experiência. E reforça aquilo que no fundo sabemos ser importante.
20/08/2020
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
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