quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Água

 Tu és água. Água em ondas sobre mim, mas sem o gosto de sal. Tu és água em que se banha e de que se bebe. Que se oferece a mim em goles esparsos, porém sôfregos, que me fazem arfar e querer mais na sede de que me lembras.

Água funda mas limpa para que se veja muito do quanto é mostrado. Água nova e boa que me lava, que me acaricia, que se derrama, que escorre lenta ora desde os cabelos, ora do pescoço para baixo, como numa purificação, ora desde os lábios porque neles não se contém. 

Furtiva, se guarda em certos lugares, certas taças, até morrer em outros, entre pétalas de flor, entre folhas e linhas. De mãos trêmulas e quentes, faz estremecer a finura que toca com misto de devoção e rotina. Água que canta, que sussurra, que recebe. Água.


26/11/2020

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