Me diz, minha flor.
Por que foi que eu fiz aquilo? Por que foi que eu atravessei céus inteiros e fui parar na beira duma água que nunca vi? Por que foi que eu abanei a cabeça e sentei perto dum fogo que tuas mãos fizeram e deixaram aceso, vendo o pôr-do-sol, a lua e cada pontinho que se atreve a brilhar no escuro?
Por que foi que me embrenhei no mato ao teu lado só pra voltar pro silêncio da falta de televisão e finalmente ler, num sofá alugado, o calhamaço com letra pequena emprestado da minha mãe que há anos não termino? Por que é que as canções começaram a fazer sentido de novo?
Por que foi que te convidei dia após dia para passar as horas nos meus braços; o máximo possível da vida vivida e resolvida no calor da cama? Por que diabos fizemos amor como se cada vez fosse a última, e minha pele quis que tu dormisses contra ela e tu fizeste das minhas tolices fantasiosas as tuas?
Tomara que não tenha sido só porque não te incluis entre aqueles que se atrevem a pensar que são meus donos, dando pitacos sobre a minha vida e o meu corpo. Ou só pela atenção e pelo prazer. Tomara que seja por paixão… Por amor.
Diz pra mim que foi por amor.
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