Ainda em setembro
me lembro
de novembro
e entendo a ele
e ao nove.
Queres que eu prove
como debaixo de terra e pele
é por ele e nele
que tudo se move?
Foi ao ano nono
que me deram verdade e abandono,
o aos poucos
acordar de um longo sono
e olhar nos olhos dos loucos.
Tão cedo
me daria tanto medo
e de ninguém estava nos planos.
Muito menos os do meu nonno.
Nono mês
que na casa sagrada
não vivi
mas de onde me vi jogada
e, ainda que solitária na caminhada,
ainda estou aqui
inteiramente alquebrada,
tentando ficar sã
porque não pôde a irmã,
por sua vez.
Depois dos nove
ainda que eu saiba
não ser por gesto esnobe
de alguma forma
então eu não mais caiba
no que hoje me dá certa raiva
e como antes não me comove.
Eu só posso agora
tentar pedir desculpas
e de dentro para fora
buscar as minhas curas.
Novembro abençoado
em que amado é nascido,
o que não serve é esquecido
e tanto desejo
de repente vejo
que é realizado,
mesmo que contido,
nunca cantado.
Depois da tormenta
dos dezenove
que não só move
mas que arrebenta,
eu quis mais
e num quarto
de inteiro, mas quieto e fácil parto
a mim ele veio
como a nenhum outro contra meu seio.
E antes
como talvez quiseram as estrelas e cartas
em alguns instantes,
de portas
e mãos abertas
me recebem moça
e poesia
e moço
que fez da noite novo dia.
Agradecer, tentar até posso
mas a honra é tanta
que não sei se a palavra adianta,
eu não sei se conseguiria.
Devo tanto à primavera,
cada novo eu que desabrocha
em intensa tocha
para o que espera
a nova era...
Sem pedaço e sem avô
porém crescida
no melhor que pôde me dar a vida -
outra língua em rima,
uma mulher dentro da menina,
o leque do tarô
e mais crença no amor.
7 de setembro de 2019
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
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Genial! És mesmo uma poetisa de verdade!
ResponderExcluirGK
O que não faz uma epifania...
ExcluirTalvez vômito de poesia.
Muito obrigada!
- LBS
Esta tua poesia tão linda me fez ficar pensando... Que dia é o teu aniversário?
ResponderExcluirGK
Meu ano começa em agosto! Quando escrevi o poema estava reparando no quanto as coisas começam a acontecer para mim depois que faço aniversário, especialmente no mês de (nove)mbro e nas minhas idades que terminaram em 9 até agora. Comecei a notar os padrões, dei uma pesquisada na numerologia. Nove é o número dos desejos realizados, dos ciclos que terminam, dos resultados...
ExcluirO que será que o próximo novembro vai me trazer de bom?
- LBS
Que dia de agosto? Eu sou de 11 de maio.
ResponderExcluirGK
2 de agosto :) Maio, hein? Já amei um filho do mês de maio... E poderia ter amado outro.
Excluir- LBS
Tu te interessas por astrologia? Sabes, por exemplo, qual é o teu signo ascendente e em qual está a tua lua?
ResponderExcluirGK
Então... Eu sei uma coisa ou outra porque sou curiosa, Taurino.
ExcluirO filho de maio que eu amei é Taurino, o que eu poderia ter amado também é.
Meu ascendente é Touro, minha Lua está em Libra.
- LBS
Coincidência interessante. Minha Lua também é em Libra. Já meu ascendente é câncer.
ResponderExcluirGK
Olha só... Filho de Vênus em corpo e coração com a face virada para a Lua...
Excluir- LBS
É... Não é só uma coisa ou outra que sabes...
ResponderExcluirOlha só... Meu e-mail é gugukeller@hotmail.com
Escreva-me se e quando quiser. Não que isso seja problema, mas para que não tenhamos apenas este campo destinado a comentários para conversar. Será para mim muito honroso trocar idéias com uma poetisa tão talentosa e profícua como tu.
GK
Profícua porque a vida quis assim...
ExcluirTomei a liberdade de já te enviar um email para que saibas meu endereço. Podes escrever-me quando quiser também. Só tem me feito bem conversar com outras pessoas (e poetas) ainda que seja por escrito. Devo metade da poeta que me julgo hoje por uma situação assim.
- LBS
Ok! Mas tente mandar de novo, por favor, que não chegou.
ResponderExcluirGK
Ok!
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