sábado, 4 de maio de 2019

Cortes

Sua Majestade, herdeiro da maré,
sopro de maresia.
Imperador dos bosques
que te abriram os braços
como um dia eu o fiz
e dono dos beijos do sol
que te igualam em fogo amado
a quem te trouxe aqui
em faces e batidas melenas...
Empresta-me teu ouvido!

Tu, com teu amor aprendido e declarado
pela beleza no que há
de selvagemente honesto
nos sons alados que ouves
e que te foram dados antes da palavra
e à quietude suave onde a chance te perde,
a mesma que o destino parece
ter dado aos teus olhos...
Atenta-te de corpo e gesto ao meu lamento!

Tu, partido por tantos desejado
em suas distâncias,
que anseia pelo amor de todo inocente
chegado às tuas mãos suaves -
senhor de honra e humilde orgulho
que não teme frio, fundura ou chama
pelo que tu e o povo merecem,
o que ainda não foi dito
com leveza e força em par
em terra, água doce e no mar...
Guarda-me um lugar aos teus pés!

Tu, que veneras eco e coração
vindo e trazido de mulher,
nunca acima ou abaixo
mas em círculo concebido
que reconhece e completa
em abraço de aceitação
nos mais doces termos,
como tu, vestidos de lua...
Toma minha pequenez entre as palmas!

Tu, que sem palavras guias
aqueles que caminham a teu lado
sob a neblina da busca
pela efêmera imortalidade
e a justeza de plebeus e príncipes,
a memória dos sinceros e leais
e do preço que eles pagam...
Põe gentileza neste meu corpo, nestes meus lábios!

Mestre dos toques etéreos ao nada,
dos dentes cerrados e muitas vozes
em que mesmo as palavras alheias
parecem que sempre te pertenceram.
Mesmo as minhas, que são nossas
por estarem no mel da tua língua...
Recebe-me de volta ao teu regaço!

Contempla teu beijo na minha mão e no meu verso!

26/04/2019

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