Eu sou apenas uma gatinha assustada implorando por atenção. Eu vou te trazer minha caça como presente aos teus pés - para te agradar e que afagues minha cabeça dizendo o quão boa eu sou por isso.
Eu devolverei tua proteção com carinho e lealdade, amor ronronado e intenso, então não se assuste... Rainhas se dedicam a bons reis e a outras que se carregam com dignidade.
Eu o cortejarei com todo o meu baralho na mesa; tudo o que eu seria capaz de te oferecer, basta que queiras. E, apesar de tudo o que me falta e das minhas falhas centradas, tu estás em meu pensamento mais vezes do que imaginas porque não consigo ser de outro jeito.
Ainda que às vezes eu esqueça disso, tentarei lembrar-te que és tesouro - seja em tinta ou no afago mais privado. Quando parecer que não me importo mais com nada, olha-me bem e de novo eu conseguirei verbalizar meu pagamento pela generosidade.
Não me deixe machucar-te... Pois, com o tempo e o conforto, a mesma pata macia que te acaricia coloca as unhas para fora e te arranha... E a mesma boca que te mima e despeja amor é a que pode dizer as coisas mais crueis, ainda que não tenha a intenção. Talvez eu deva aprender com o perdão e com tudo o que não sei expressar.
E, ainda que me doa, sinta-se livre para ir embora. A liberdade de espírito e corpo é o que mais me falta e, sendo assim, o que mais desejo a qualquer um. Mas não brinque comigo, pois gosto de justiça num mundo em que isso parece fazer falta. Não quero que meu fogo te queime, mas que seja um conforto enquanto eu aprendo a me amar te amando - não porque me preenches, mas porque me fascinas.
10/05/2019
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
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