domingo, 24 de março de 2019

Feito no campo

Nenhum céu
pode me engolir.
Nenhum solo
pode me puxar.
Não quando este véu
está pronto para cair
e deixar de ser símbolo
aqui, visto do teu olhar.

Não quando este vento
jamais cantarola
para me dar o mesmo alento
que o perdido tem da bússola,
com este jeito e sentimento -
tua carícia na viola
e na nuca benzem qualquer aposento.

Não quando a alta grama
não nos fere com suas garras,
mas tampouco resiste ao verão que chama
o canto das cigarras
e a tantos se faz cama
quando tu, destino, vens e agarras.

Não quando o prateado escuro
depois da sombra dourada
não consegue ser tão puro
quanto lábio mordido e pálpebra fechada...
Não quando tudo o que procuro
é tua mão e mais nada -
esta que sabe de tudo
de onde pousa, delicada.

24/03/2019

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