I
Trago-te aos lábiose respiro-te,
engulo-te
trazendo-te para
dentro de mim
em doce queimadura.
II
A vida vem e mostra-meque és mais mulher
do que eu jamais serei homem
e obriga-me a soprar-te
esvaziando-me de ti
e ver-te espalhar-se
em tua infinitude.
III
Meus dedos te atravessamenquanto partes
para pertencer a outro
ou ao universo
em dançar gracioso
de branco impuro.
IV
Quem há de sero último a provar
do teu encanto venenoso,
o sortudo que há
de tomar-te para sempre
e em cujas veias
por instante eterno permanecerás?
V
A certezaque sobra
é loucura,
é falta
que fazes
em mim;
dose ínfima
de ti
nunca bastou.
VI
Em tieu vivia
do torpor
da morte
lindamente lenta.
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