domingo, 14 de setembro de 2014

VI

Oi, meu querido.
O fato de essas cartas serem essencialmente egoístas e falarem basicamente de mim e de toda a escuridão, não significa que eu não me preocupe contigo, muito pelo contrário. Nunca se esqueça de que se você estiver bem, eu estarei também.
Quanto mais velha fico, mais compreendo que tenho um enorme número de defeitos terríveis, que me fazem machucar a mim mesma e aos outros sem que eu nem perceba. O que me questiono com relação a eles é se devo aceitá-los como parte de quem sou (quem é que eu sou mesmo?) ou se devo combatê-los de alguma forma, e como fazer isso.
Talvez isso e o fato de nada ser perfeito (quanto mais convivemos, maior a probabilidade de brigarmos e magoarmos uns aos outros) seja a razão de eu morrer de medo de ser cruel, acabar te perdendo e ficar te repetindo isso vezes infinitas.
Mas sei que nada disso é racional; independentemente do que aconteça, o que sentimos, o que construímos, é bem mais forte. Só não quero estragar tudo… Ainda mais porque o que sinto quando estou contigo é diferente de tudo o que já vivi.
Nada em mim tem sido sensato; é difícil sentir essa vontade de chorar e desistir de tudo.
Esta era para ser outra carta melhor, enfim. Obrigada por tudo, eu te amo.
Da tua irmã.

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