Olá, meu coração.
Aqui estou eu de novo. Já tem virado rotina para mim te escrever cartas, mesmo sabendo que elas jamais serão enviadas. Tenho escrito todos os dias, pois tenho coisas demais dentro de mim, que precisam sair de alguma forma.
E como sabes minhas tentativas de escrever um diário que me fosse realmente útil falharam sem piedade. Talvez eu devesse ter feito como Anne Frank, que fez de seu diário uma amiga imaginária para a qual relatava coisas.
Talvez eu prefira escrever assim, como se tu fosses mesmo ler essas linhas, porque tu tens alguma coisa que me faz confiar o suficiente para dizer coisas que não me confesso nem mesmo olhando no espelho. E aquilo que é real e concreto muitas vezes é bem mais interessante do que todo o resto.
É incrível como o stress crônico detona a gente. Talvez o meu caso seja genético mesmo. Meu pai vive com os nervos à flor da pele e praticamente todo o lado da minha família que vem da minha mãe são pura ansiedade, nervosismo e “encheção de saco”.
Como se já não bastasse o que venho enfrentando sozinha, todos esses demônios internos acumulados que vêm se acumulando com o tempo, agora tem os problemas dos outros que se incluem no pacote e fazem com que haja barulho, brigas e coisa do gênero.
Sei que não é culpa de ninguém, só que é desconfortável viver assim, não estou acostumada a tanto movimento e loucura vinda de fora. Se já era difícil lidar com tudo sem ninguém mais por perto, imagina assim. E as diferenças entre nós, como por exemplo pessoas que acham que têm o controle de tudo (inclusive de coisas que podem e devem se resolver sozinhas) ajudam muito a atiçar os nervos.
Tudo o que eu desejo é essa solidão de volta, porque pelo menos com ela eu consigo pensar em paz nas coisas que tenho que resolver, as escolhas que tenho que fazer. Assim como mapear o que gera essa paranóia que vem me matando por dentro nos últimos tempos. Cada um no seu canto, sabe?
Outro dia tento te contar mais sobre o que está acontecendo na minha mente. Vou tentar usar minhas poucas horas de real sossego no status quo para te escrever de novo. Desde já te agradeço a paciência e o amor de sempre (até porque paciência é algo que tenho que desenvolver; tomara que as pessoas que eu encontrar pelo caminho me ajudem com isso).
Te amo e morro de saudade. Vem logo me dar um abraço! Tu tens meu coração e sei que cuida muito bem dele.
Da tua irmã.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
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