quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Poeira

eu realmente não sei dizer adeus.

as ausências se estendem
como se a volta fosse sempre certeza

até que o encontrar qualquer
se torna o despedir
onde o longínquo
leva tudo embora
 
e tão pouco me sobra
 
pois não me deixaram mais que teu nome,
a memória repentina
do buraco negro dos olhos
alargados por detrás dos aros
que te permitiam ver tão fundo,
 
a foto da tua parede
cheia do passado
em quem até quem nunca esteve contigo te reconhece.
 
nem mesmo um lenço de rosas
para secar as lágrimas
que por um momento fingiram
que não cairiam
 
na breve exceção das tuas garras raras,
por um instante nuas
que permanecem em mim
em dedos
que se ferem com outra ponta
 
mas, espero eu, com a mesma coragem.
 
05/08/2021

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