Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
sábado, 31 de outubro de 2020
Costume
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Rito de passagem
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Cancioneiro
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Translúcida
Era um dia ensolarado e quente, e eu estava usando uma roupa branca, talvez um vestido. Me vi em um jardim grande, do lado de arbustos que alcançavam minha altura sentada e com algumas árvores aparecendo distantemente do lado esquerdo. Não havia flores por perto.
Meu vestido não tinha mangas ou algo assim, porque quase todo o meu braço era visível; principalmente quando estendi a mão talvez para olhar para minhas unhas ou o contraste da pele clara contra o verde escuro das folhas. Não tenho certeza, mas me lembro que eu quase luzia debaixo do sol forte.
Foi quando, para minha surpresa, uma borboleta de tamanho médio voou na minha direção e tentei segui-la com os olhos sem me mexer para não espantá-la. Até que ela pousou no meu braço e andou um pouco por ele antes de ir embora – uma borboleta monarca.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
Cantada de bar
Cigarro em copo americano, café no canto da boca. O que pensava esse homem quando fez essa loucura de se envolver com ela? Era só mais um arrependimento por não ter dito o que deveria, e por medo de si mesmo. Assim como no mundo literal, o corpo entrega o que a cabeça não consegue admitir, a intenção que não se quis ou se esqueceu de passar... E tudo meio que sai do lugar.
É isso que acontece quando não se sabe direito o que se quer ou o que se está fazendo, e se é forçado a dizer a verdade. O que era mais visível, sólido e de cheiro óbvio vai pro segundo plano e o que só tinha forma por ter ficado guardado num recipiente deixa seu rastro e gosto do lado de fora... Mas pelo menos cumpre sua função e, assim, tudo se arruma, ainda que para isso seja necessário empurrar contra a parede para parar de brincar.
domingo, 25 de outubro de 2020
Do todo e nada menos
sábado, 24 de outubro de 2020
São Paulo, 23 de outubro de 2020
Estou com o coração pesado. Pesado de um jeito estranho, por uma dor que nem é minha e ainda tive que voltar pra pegar o guarda-chuva; era dia de feira e vi uma mulher perguntando o preço de uma flor. Como se beleza genuína tivesse preço que dinheiro pudesse pagar. A meia que eu usava ficou encharcada por causa da chuva e a dor que eu não esperava sentir talvez seja minha também porque poderia ser só minha, e muito pior.
Que raio de dia. Quando voltei pra casa, tinha uma barata no quintal. Matei a barata com raiva, chorando por causa dele. Tomei banho e um barulho enorme me assustou... A porta da minha casa se abrindo com o vento como se fosse uma folha de papel. Parece ele dizendo o que me diz. De uma vez só, com toda a vontade, e eu que lide com o estrago que pode vir a fazer e com o susto que dá. Desarmada... Ou quase.
Foi por ele ou por mim que chorei? A raiva era da barata ou dele? Nem sei direito. Agora só quero poder dormir e sonhar com ele me dizendo a verdade depois dessas horas que ele usou para pensar no que quer, e eu para ir à feira, sendo que nem sou do tipo que faz isso. Talvez as coisas estejam mesmo mudando.
- exercício de escrita criativa proposto pela Maria Vitória do blog A Estranhamente
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Dark side of the moon
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Routines
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Of parties and wars
sábado, 17 de outubro de 2020
Efeito colateral
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Breaking bread
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Old knowledge
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Nox
sábado, 10 de outubro de 2020
17/05/2020
Estou aprendendo aos poucos
que toda vez que penso
no quanto as coisas estão levando
para acontecer na minha vida,
devo me lembrar que antes da primavera
há o inverno e, às vezes,
ele é mais longo...
Pelo menos não estou mais hibernando.
- trecho do meu diário
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Serenata
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
O impacto do inglês na minha escrita
Talvez por ser um os idiomas mais falados e ser o idioma do mundo globalizado desde que me entendo por gente, acho que minha ligação com a língua inglesa existe meio que de modo automático. Absorvi de modo inconsciente de que estudar o idioma de um modo ou outro faria diferença na minha vida e isso se estendeu em termos emocionais a eu sempre ter tido vontade e facilidade em estudá-lo.
As circunstâncias fizeram com que eu prestasse cada vez mais atenção nisso e que o conhecimento que na época eu recebia na escola regular não me parecesse o bastante. Por isso, me ocorreu pleitear uma vaga numa escola de idiomas, principalmente para ter noção do quanto eu sabia e não sabia. Tudo o que eu tinha em mente era que não estava mais no nível básico.
Até por ter um tempo depois entrado para a faculdade de Letras, logo compreendi de verdade que toda língua é uma criatura viva e cheia de particularidades, que nasce e se molda com o tempo e o povo que a usa. Que pode ser imposta, roubada e extinta justamente por se tratar de uma convenção.
Foi ao estudar inglês num contexto em que estou realmente imersa nele que me fez notar no primeiro dia que meu repertório era muito maior, mas também que ele está em constante expansão. Usando-o fora dali, entendi o poder daquilo como ponte, como gentileza, como parte de mim, como respeito para com o outro que também se aplica a outros idiomas. Ter me apaixonado pelas estruturas que tinha diante dos olhos, entrando pelos ouvidos e saindo pela boca com cada vez mais facilidade, foi arrebatador.
Ele realmente me abriu portas. Me fez correr riscos. Me fez pensar de forma mais sólida numa profissão. Me deu jeitos novos de expressar as mesmas coisas, a capacidade de ler autores que nunca tinha ouvido falar e me deixar inspirar por eles. Me deu amigos novos que talvez eu leve para a vida toda…
Entre eles, pessoas tão fascinadas pelo poder das palavras quanto eu, que fomentaram uma beleza e uma verdade que minha poesia não possuía, ou só não tinha sido descoberta. Talvez um eu que estivesse oculto em mim. Me faz usar com orgulho um nome que sempre foi meu e, como bônus, ter passado por um batismo. Ter noção do impacto daquilo que sai da minha mão e, em parte, da minha boca. Deixou ser mais fácil falar sobre certas dores e se tornou um amor que veicula amor.
Notar as nuances e diferenças entre esses dois rios que correm aqui dentro, e ver ambos como água bendita que no fim mata a mesma sede. Água que muito mais gente pode beber comigo. Água em cujo reflexo finalmente me reconheci como isso que vocês veem por aqui, mais do que nunca.
terça-feira, 6 de outubro de 2020
Lençóis freáticos
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
Ciclos
domingo, 4 de outubro de 2020
Coisa da juventude
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Nivelamento
08/12/2024
O excesso de medo não nos faz mais sábios. Ele nos afasta daquilo que é para ser nosso e que, no fundo, sabemos que queremos
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Uma coisa que com o tempo percebi ser muito peculiar é a de que, no contexto em que vivo, existe muito contato físico. Como ainda preciso de...
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Não precisa se explicar, só não cala essa carícia no ar, queimadura doce de bala... Deixemos para depois os erros e acertos dos heróis...
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Olá, meu anjo. Que saudade… Um dia, quero perceber que o silêncio é o bastante para nós. Talvez já seja, não sei. Mas quanto isso, a gente...