Primeiro, volta-se para o novo
que na verdade é velho,
ainda com peças faltando,
parafusos fora do lugar...
E o desespero de manter o mínimo
ainda ao alcance da mão.
Dentro do começo,
um final que se vira do avesso,
cheio de promessas
e de uma voz conhecida
mesmo com prazeres que acabam tão rápido...
Talvez pelas páginas viradas.
Falta de descanso perturba uns
e ninguém parece ouvir o aviso da sereia,
porque de repente se veem sem ar,
trancados aos gritos,
experimentando uma solidão
que para alguns é quase amante
em saturações baixas e específicas.
No começo parece fácil porque nada mudou -
as poucas razões se esfarelam diante de grandes medos,
mas ainda restam as canções
e orações vindas de outras mãos
que lembram de para onde não se deve olhar
e mostram um lar
que não sabia que poderia ser meu...
Até que, com o tempo,
se esquece do tempo,
ou talvez se percebe
que só o viu de relance
mas ainda pode sentir
comprovado nos nomes que se pergunta,
num verão que não foi vivido
e num inverno que abraça apertado
fazendo feridas.
Olha-se no rosto da verdade
em cada poça de lágrimas,
em cada lembrança de sol,
nas conversas retomadas,
nas que não se tem
e em cada ânsia que não se faz negar
valendo-se delas
e de dias de verso escolhido
em boca amada
para lembrar-se que está vivo.
A vida e a morte
resumidas em cores,
retorcidas em egoísmos e distâncias
e motivos (antes e talvez ainda)
desconhecidos
para os silêncios da dor
e dos galos que cantam para a lua,
mas, quem sabe, em linhas espelhadas,
cartas e na borra de mel do café.
18/07/2020
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
quinta-feira, 30 de julho de 2020
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