terça-feira, 30 de junho de 2020

Jornada do equilíbrio II

As vozes dos outros fazem a nossa, muitas vezes. Tanto aquela que de fato temos, como a que achamos que temos e a que sabemos que deveríamos ter. A voz que cobra, a que julga e culpa a si mesma e aos outros... Que nos põe na zona de conforto com mensagens um tanto contraditórias que são para ser de aceitação e acabam como crítica ao mesmo tempo e aponta muito mais o dedo para os nossos relapsos, talvez encarando conquistas como obrigações ou coisas maiores do que realmente são... E que, de uma forma ou outra, talvez correspondam àquilo que esperam de nós, que é muitas vezes algo idealizado e fixo.
Vozes que alimentam os nossos padrões de comportamento e de percepção de si e do mundo... Que nos paralisam justamente diante daquilo dentro de nós que foi desenvolvido por causa delas porque absorvemos absolutamente tudo como uma verdade e/ou como uma verdade que não é maleável. Que de qualquer forma nos machucam e são difíceis de ignorar.
E às vezes, para nos livramos disso, sentimos que temos de provar o contrário – que conseguimos fazer diferente, que não estamos destinados a viver e morrer ou pensar daquela forma. Mas será que não é só para nos desfazermos de um peso? Estamos levando em consideração as nossas aptidões, aquilo que realmente queremos, ou só a satisfação temporária de eles verem que estavam errados? Ou até para conosco mesmos, que somos capazes de chegar em algum lugar... E no fim das contas esse não ser aquele para onde deveríamos ter ido.
E a voz que mais importa, será que escutamos de verdade? Será que deixamos que o que as outras dizem nos impeça de pelo menos tentar de novo, ou, como talvez Bentinho Santiago, que nos ensurdeçam para aquelas que realmente nos desejem a felicidade que merecemos, à nossa maneira? É possível encontrar o limite entre frouxidão e excesso de rigidez, sendo que certas coisas nunca poderão ser curadas totalmente?

30/06/2020

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