Depois de dias de um calor fora do normal e chuvas irritantemente quase incessantes, o inverno parece ter chegado mais cedo por aqui. Por um lado é bom, pois traz de volta ao céu, agora azulado como os olhos do rapaz por quem um dia fui apaixonada, o calor do sol, mesmo que o vento
que veio com ele seja gelado. Apesar de eu quase não sair de casa, ter mais luz natural vinda das janelas com certeza é um consolo.
O frio intenso chegou de repente e meu corpo não gostou; meus pés estão mais gelados, acho que já fiquei um pouco doente e sinto mais do que nunca o frio rastejar pelas minhas pernas e penetrar em meu coração, meus ossos. e me lembra de que o vazio que sinto sempre esteve aqui; antes eu
nem tinha consciência dele. Agora que nos conhecemos, às vezes fica mais forte do que eu, como uma fera melhor alimentada assim como a minha raiva, que moram na jaula do meu subconsciente.
Às vezes eu consigo domá-los. E eu outra vez espero sobreviver conseguindo sentir o sangue correr nas veias a outro inverno que nunca poderei amar e que só deixa tudo mais latente.
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