domingo, 24 de janeiro de 2016

XII

Olá, meu irmão.

Não sei como aconteceu, mas de alguma forma maravilhosamente difícil de entender, eu passei a confiar em ti praticamente de olhos fechados.

O que foi isso que de repente me fez me abrir tanto em tão pouco tempo e hoje me tornou alguém que passou a olhar de verdade para si mesma, por mais doloroso que seja?

Será que foi aquele pôr-de-sol na varanda, a rua vazia, o calor do verão, o vento manso sussurrando segredos que nenhum de nós conhecia ainda? Será que foi a solidão, que naquele dia não era tão doída, por ser compartilhada e cheia dos nossos sonhos?

Talvez um pouco de tudo isso. Os meus versos tolos, porém sinceros, teu ouvido tranquilo e paciente na cadeira ao lado... Teu abraço apertadinho e carinhoso, tua mão que até hoje me puxa gentilmente de volta à clareza. Foi quando isso aconteceu que entendi que era por isso que eu procurava e nem sabia. E agora é algo nosso, nossa forma de expressar esse carinho, esse amor que nasceu tão rápido e tão aos poucos.

Não é só meu corpo que abraças quando nos vemos. O aperto (às vezes mais forte) dos teus braços não me sufoca. Pelo contrário, deixa que minha alma respire. Não é só minha mão que guardas entre as tuas, mas também meu coração. Agora eu sei que um toque pode dizer muito, e do quanto eu precisava disso...

Agora chegamos bem perto do âmago um do outro, não é?

Seja lá o que tenha me trazido tanta paz de espírito, me alegra que seja recíproco. Minha lealdade é tua para além desta vida; obrigada por algo tão bonito e natural.

Da tua irmãzinha.

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