sábado, 29 de agosto de 2015

O contato

Uma coisa que com o tempo percebi ser muito peculiar é a de que, no contexto em que vivo, existe muito contato físico. Como ainda preciso de ajuda para muitas coisas, o tato é muito presente. E, ao mesmo tempo, não sou acostumada com isso.
Claro que fora isso, existem as ocasiões com as demonstrações de afeto dos meus pais, embora eu confesse que não seja a mais carinhosa das filhas ou dessas que consiga dizer “eu te amo” com todas as letras a eles, embora sinta que seja mais fácil com outras pessoas, ou não. Essa questão é muito mais ampla. O que quero dizer é que, desconsiderando essas situações, eu noto que não sou acostumada com contato físico.
Talvez isso tenha feito com que eu ficasse biologicamente mais sensível ao toque em si. É como se eu conseguisse diferenciar uma pessoa da outra e como ela me faz sentir, quando isso acontece. É louco, mas não consigo evitar.
Para se ter uma ideia, tirando os meus pais, que são exceção em tudo, eu consigo perceber quando o toque de alguém é apenas acaso, afobação e/ou necessidade e quando há uma situação diferente envolvida. Quando sinto como se a pessoa quisesse dizer em linguagem não verbal “ei, quero que você saiba que estou aqui, que eu me importo, quero que você sinta isso”. O que também vejo nos olhos desse alguém em grande parte das vezes.
É tão diferente, tão interessante.
Não soube de verdade o quanto um abraço sincero, sem situação forçada e estranha (pelo menos a meu ver) é bom, até que ele me abraçou pela primeira vez, por ser parte do seu jeito de ser e por com isso tentar me agradecer por estar ali com ele. Foi inesperado, mas gostoso, natural. Tanto que acabei pedindo bis, no meio daquela mistura de emoções com as quais espero que ele já esteja acostumado (risos).
E hoje isso é parte do que temos, parte do nosso jeito um com o outro. Automático, sem ser manjado. Simples, leve como uma flor. Ele junta aquele coração gigante com o meu e ficamos assim. Foi depois disso e da paz colossal de um simples aperto de mão que a minha percepção até com as outras pessoas mudou. Notei que havia esses detalhes. E talvez a graça e o segredo da vida estejam justamente nos detalhes.
Suponho que por esse motivo, por mais “acostumada” que eu já seja com a sensação física do carinho daquele moço, ele sempre me despertará algo de novo. Algo de confortável, suave, bonito, bom. Porque eu sei que até mesmo quando não conseguimos ter isso de modo concreto, temos de modo etéreo. O sinto comigo, perto de mim. Quando acontece, sei que é isso que ele quer dizer, mesmo sem precisar dizer nada. E eu tento devolver da melhor maneira que consigo.
Só sei que um aperto de mão, um abraço e um beijo mudaram minha vida. Deram-me esperança.

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