quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Eu o amei

Por muito tempo, por conta de decepções anteriores, eu meio que me fechei para o amor. Aquele amor de verdade mesmo, que rasga a gente por dentro e se alastra feito incêndio em mato ressecado. Achava que jamais conseguiria sentir a mesma coisa de novo. Mas quão tola e jovem eu era... Ainda não entendia que a cada vez é uma sensação completamente diferente. Que deixa uma lição diferente.

Tudo começou na festa de aniversário de um dos nossos colegas. Por acaso do destino minha melhor amiga também fora convidada, assim passou boa parte da festa comigo. Comentei com ela que achava o dito cujo um sujeito bem-apessoado, pois até hoje certamente ainda possui o mesmo mistério nos olhos muito azuis e um magnetismo difícil de ignorar.

Por sugestão/insistência dela, mesmo sabendo que havia outra no caminho, mexi os pauzinhos para ver o que acontecia. E a resposta esperada veio. Nem sei por quê acabei chorando por causa disso. Talvez porque tudo em mim seja intenso. Mas o estrago já estava feito e eu me deixei levar. Como era bom sentir essa adrenalina outra vez.

Com o tempo tentei me aproximar, descobrir mais sobre ele, conquistar uma amizade para quem sabe haver algo mais numa próxima oportunidade. Vi que ele era diferente daquela outra pessoa de muitas maneiras e que isso era algo bom. Seus defeitos não pareciam me incomodar e suas aparentes qualidades me fascinavam aos poucos. Acabei me apaixonando e apenas um ano depois consegui admitir isso a mim mesma.

Confessei coisas que nunca imaginei a ouvidos que nunca estiveram disponíveis; vi profundidade e verdade em olhos que nunca nem se quer me olhavam de volta; beleza e encanto num sorriso que quase nunca era aberto para mim; umas poucas vezes consegui apertar cordialmente uma mão que nunca seguraria a minha. Achei que ele era e poderia ser para mim o que nunca foi. Mas isso não era o mais importante. Mesmo eu sentindo ciúmes de todas que em minha cabeça ocupavam meu lugar e sabendo muito bem que jamais seria uma delas...

Eu o amei.

Amei a ponto de me satisfazer com uma amizade que nunca existiu. Continuar vendo nele seu lado bom, mesmo quando o ruim se sobressaía. A ponto de perdoá-lo por cada atitude mesquinha e pretenciosa. Querer que ele fosse feliz onde quer que estivesse. Afinal, ainda era e é jovem e tem muito a aprender. Todos nós temos.

Eu fui burra o bastante em me deixar chorar por algo que sabia que aconteceria, das coisas horríveis e mesquinhas que me disse e fez, até usando outras pessoas e seus sentimentos... Foi quando no outro dia ele fingiu que não me via que eu tive certeza de que ele não merecia nem um pingo de nada do que lhe fora oferecido de minha parte.

Foi no último segundo que dividimos juntos, só eu e ele, que eu o perdoei de verdade em meu coração; na verdade, nunca tinha guardado mágoas, não sou esse tipo de pessoa. E o agradeci. Agradeci por ter me ensinado que eu poderia amar de novo e que cada vez é diferente e até melhor. Que eu não preciso e não devo me culpar por aquilo que sinto. Que eu mereço isso.

Espero que ele tenha aprendido algumas coisinhas comigo também.... E que sirva de lição para o resto da sua vida. Fico feliz por ele estar alcançando as coisas que almeja aos poucos e certamente está se tornando um homem admirável. Desejo que ele ame de volta como deseja ser amado; como eu o amei. Que ele seja uma pessoa melhor por aqueles que ama.

De uma coisa ele com certeza não pode duvidar: de mim nunca existiu falta de amor.

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