Não importa o que chegasse perto da casa. Não importava quem saísse. Ele fazia barulho, ele gritava, esperneava, atormentava, sem ter noção da própria voz ou da própria força. Ele se assustava com o que nem tinha a ver com ele e pobre de quem ouvia. Dava vontade de mandá-lo embora. Dava vontade de questionar por que ele veio pra cá.
Ele era grosseiro. Se estourava fácil, dizia coisas sem sentido, achava que podia dizer o que passasse pela cabeça. Não me conhecia de verdade e eu estava há muito já cansada de tentar. Só queria que ele parasse, que não falasse comigo, que parasse de achar que o que é só meu também é dele pra dar pitaco. Que ele parasse de achar que manda.
Não tem tato. Não tem noção das consequências do que diz, que mesmo as pequenas coisas ficam e machucam. Acho que foi assim que aprendi a ser cruel. No fundo quer ajudar, mas a verdade é que só atrapalha, porque quer tomar meu lugar fazendo tudo e tudo do próprio jeito. Não sabe ensinar, não sabe dar espaço, não sabe quando parar de se envolver. Dane-se quem esteja ouvindo - despeja ordens e põe a mão no que não é seu. E quem não faz é mal-agradecido e burro.
Só o que eu quero é que pare. Só o que eu quero é ir embora.
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