Ali, quietinha,
sentada num canto,
muda,
ela não sabia, mas tinha
tal encanto
que sua presença miúda,
encolhidinha,
aos meus olhos se fez canto.
Ela foi, de certa forma, minha
quando o diabo ou qualquer santo
plantou aquela muda
de florzinha
de silencioso pranto
na ponta da minha vista já tão sisuda...
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Caminhar
O mundo
é roda
que gira
e anda,
que muda
e faz-me
empurrar-me
num movimento
da mão
num deslizar
pelo tempo
onde pernas
ainda não
podem levar-me.
é roda
que gira
e anda,
que muda
e faz-me
empurrar-me
num movimento
da mão
num deslizar
pelo tempo
onde pernas
ainda não
podem levar-me.
21 de setembro de 2016
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
O teu poema
Verso escrito
a sangue,
borrado de lágrimas,
duro no teu suor,
no fio do teu sorriso.
Verso que tira
o ar,
a fala,
a razão
de quem escreve
e quem lê.
a sangue,
borrado de lágrimas,
duro no teu suor,
no fio do teu sorriso.
Verso que tira
o ar,
a fala,
a razão
de quem escreve
e quem lê.
Verso cuspido,
derramado,
esparramado,
sussurrado
com cuidado
desesperado.
Este é o verso
que quero.
Este é o verso
que te faz poeta.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Dois tempos
Chronos me arrasta,
me assusta,
me envelhece,
faz o que quer de mim...
Chronos nos exige,
te traz aqui
e de novo te leva de mim
com o meu sossego...
me assusta,
me envelhece,
faz o que quer de mim...
Chronos nos exige,
te traz aqui
e de novo te leva de mim
com o meu sossego...
Mas na corrida de Chronos
ainda encontro Kairós;
o tempo da paz,
o tempo que não se pode contar,
o tempo que permanece...
Em um poema,
quando paro para sentir
teu amor a me aquecer
e a minha pulsação...
No que me faz sentir-me
velha num corpo jovem,
mas ainda com um coração
curioso de menina...
No par de horas
que parecem eternidade
em que estou ao alcance
dos teus olhos,
da tua mão...
No silêncio
das longas madrugadas
que me dão as palavras
que olham para mim de dentro para fora...
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
I feel your love with me
Whenever I see something pretty
or read a good book;
whenever my eyes meet sunny skies in this city
or I eat tasty food.
Whenever I feel gloomy or content,
in solitude or loneliness;
at each lovely moment
and also the ones filled with darkness.
or read a good book;
whenever my eyes meet sunny skies in this city
or I eat tasty food.
Whenever I feel gloomy or content,
in solitude or loneliness;
at each lovely moment
and also the ones filled with darkness.
In every drop of wine;
whether in your presence or your absence
and your warmth remains in this heart of mine
since nothing is happenstance.
In the silences I keep
and my hopeful resilience;
may my words be shallow or deep,
may my hours be of doubt or patience.
In every page of that story;
blankness and poetry;
all the things for which I feel sorry;
both my kindness and cruelty.
domingo, 25 de setembro de 2016
Poema devolvido
Escrevi uns versos...
Vem, toma, eles são teus!
Teus porque são partes de mim
que eu te entrego
em simplória oferenda.
Só não faça pouco caso...
Se não me quiseres
não me amasses
numa lata de lixo qualquer;
devolve-me os meus pedaços
porque antes de serem teus
eu vim de mim para mim.
Vem, toma, eles são teus!
Teus porque são partes de mim
que eu te entrego
em simplória oferenda.
Só não faça pouco caso...
Se não me quiseres
não me amasses
numa lata de lixo qualquer;
devolve-me os meus pedaços
porque antes de serem teus
eu vim de mim para mim.
sábado, 24 de setembro de 2016
Desconhecido
Eu não sei
qual será o
teu belo nome,
mas o meu
coração ainda sonhador
sabe que existes.
Ele muito crê
que tu estás
em algum lugar,
e, quem sabe,
pacientemente me esperas.
Se um canto
do mundo te
guarda para mim,
saibas tu que
terei todo o
amor do mundo.
Amor, eu juro
que sempre terás
o melhor de
mim, mais até
o que pior.
qual será o
teu belo nome,
mas o meu
coração ainda sonhador
sabe que existes.
Ele muito crê
que tu estás
em algum lugar,
e, quem sabe,
pacientemente me esperas.
Se um canto
do mundo te
guarda para mim,
saibas tu que
terei todo o
amor do mundo.
Amor, eu juro
que sempre terás
o melhor de
mim, mais até
o que pior.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Fumante passivo
A fumaça
me oculta
teu rosto;
o alcatrão
suja teu sorriso...
O tabaco
mascara teu cheiro,
amarga teu gosto;
ele te mistura na multidão
e não te encontro mais...
Trai a nicotina
e fica comigo!
me oculta
teu rosto;
o alcatrão
suja teu sorriso...
O tabaco
mascara teu cheiro,
amarga teu gosto;
ele te mistura na multidão
e não te encontro mais...
Trai a nicotina
e fica comigo!
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Pingado
Demorei para perceber.
Você foi o café...
Que eu bebi demais,
preto demais,
tarde demais.
Me tirou o sossego,
o compasso do coração,
o sono,
a firmeza da mão.
E antes do que eu imaginava
ficou fraco, barato,
esfriou numa tarde de inverno.
Ontem encontrei a Camomila.
Você foi o café...
Que eu bebi demais,
preto demais,
tarde demais.
Me tirou o sossego,
o compasso do coração,
o sono,
a firmeza da mão.
E antes do que eu imaginava
ficou fraco, barato,
esfriou numa tarde de inverno.
Ontem encontrei a Camomila.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Anel de prata
Prata infinita
em meu dedo rude,
que achas linda,
desenha o amor.
No teu sorriso
por um anel
e da tua mão
que toma e afaga a minha
na curva do desenho sobre a veia
que se estende até meu coração.
Sem começo certo
muito menos fim
como teu carinho por mim
e aquele que esperamos
na tolice de merecemos.
em meu dedo rude,
que achas linda,
desenha o amor.
No teu sorriso
por um anel
e da tua mão
que toma e afaga a minha
na curva do desenho sobre a veia
que se estende até meu coração.
Sem começo certo
muito menos fim
como teu carinho por mim
e aquele que esperamos
na tolice de merecemos.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Psicotrópico
Tu estás chorando muito,
toma um remédio para acalmar.
Não é mágica, no entanto
pode te ajudar a se controlar.
Nunca!
Prefiro me afogar em lágrimas
purgar todo meu veneno
do que depender de pílulas
para ter instante sereno.
Se sou eu que tenho que me ajudar,
pode deixar, eu me viro,
o meu fogo só vai apagar
no meu último suspiro.
Não vou deixar que nada
mexa com a minha mente, minhas memórias;
que me deixe “desligada”
das dores necessárias.
Eu conheço cada um dos meus demônios
então mesmo no fundo do poço
hei de acalmar o pandemônio
porque meus sonhos sempre serão o maior esboço.
toma um remédio para acalmar.
Não é mágica, no entanto
pode te ajudar a se controlar.
Nunca!
Prefiro me afogar em lágrimas
purgar todo meu veneno
do que depender de pílulas
para ter instante sereno.
Se sou eu que tenho que me ajudar,
pode deixar, eu me viro,
o meu fogo só vai apagar
no meu último suspiro.
Não vou deixar que nada
mexa com a minha mente, minhas memórias;
que me deixe “desligada”
das dores necessárias.
Eu conheço cada um dos meus demônios
então mesmo no fundo do poço
hei de acalmar o pandemônio
porque meus sonhos sempre serão o maior esboço.
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Algumas pessoas vêm e vão simplesmente porque é assim que tem que ser, por mais que doa. Elas não ficariam mesmo; pelo menos não fisicamente, embora permaneçam em memória. Com outros, é diferente. Precisamos é resgatar e saber manter os nossos laços… Trazer aquele alguém de volta com o cuidado certo e também plantar em conjunto as raízes daquelas relações que não murcharam ainda.
domingo, 18 de setembro de 2016
sábado, 17 de setembro de 2016
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
O presente
Dá-me flores,
ou melhor ainda,
sementes para o jardim
do meu coração.
Dá-me buquês de versos,
pois eles nunca murcham.
Se não os tiver,
tua mão vazia
cheia de carinho
e teu amor
terão um lugar
onde repousar.
ou melhor ainda,
sementes para o jardim
do meu coração.
Dá-me buquês de versos,
pois eles nunca murcham.
Se não os tiver,
tua mão vazia
cheia de carinho
e teu amor
terão um lugar
onde repousar.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Sem óculos
Foi a minha miopia
que me fez te olhar,
foi a visão embaçada
que me fez te enxergar.
Eu não tenho mais medo,
aquilo já não dói mais...
Obrigada por me amar.
que me fez te olhar,
foi a visão embaçada
que me fez te enxergar.
Eu não tenho mais medo,
aquilo já não dói mais...
Obrigada por me amar.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Costura
Temos sorte.
Eu conheço tua poesia,
tu, a minha,
qualquer coisa vira verso
por acidente ou não.
As histórias se misturam
e as tuas estrofes
geram as minhas...
Eu conheço tua poesia,
tu, a minha,
qualquer coisa vira verso
por acidente ou não.
As histórias se misturam
e as tuas estrofes
geram as minhas...
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Saudade
Os cheiros
e gostos
têm memória.
Têm saudade,
muita saudade.
A saudade daquilo
que somos, fomos
e poderíamos ser.
Daquilo que
nossos corações
chamam de lar.
Letícia B. Silva e Yurgen Maas
e gostos
têm memória.
Têm saudade,
muita saudade.
A saudade daquilo
que somos, fomos
e poderíamos ser.
Daquilo que
nossos corações
chamam de lar.
Letícia B. Silva e Yurgen Maas
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
As mesmas razões
O sol voltou a brilhar.
Por acaso abri a porta
e olhei para fora...
Ele me mostrou
que as coisas ainda
são como são.
O céu ainda é azul,
a rosa do vizinho
ainda é branca,
o mundo ainda é grande,
meu coração ainda bate.
Posso voltar a sorrir, então.
Por acaso abri a porta
e olhei para fora...
Ele me mostrou
que as coisas ainda
são como são.
O céu ainda é azul,
a rosa do vizinho
ainda é branca,
o mundo ainda é grande,
meu coração ainda bate.
Posso voltar a sorrir, então.
domingo, 11 de setembro de 2016
Braille
Na minha cegueira
de amor
as pontas dos meus dedos
devagarinho,
com carinho leem
a poesia contida
em teus pontos,
relevos,
em cada célula tua.
de amor
as pontas dos meus dedos
devagarinho,
com carinho leem
a poesia contida
em teus pontos,
relevos,
em cada célula tua.
sábado, 10 de setembro de 2016
Escrito na cinza
A poesia
nasce e morre
na dor.
Nasce na beleza,
morre no absurdo…
E renasce na luta
dos inconformados.
nasce e morre
na dor.
Nasce na beleza,
morre no absurdo…
E renasce na luta
dos inconformados.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
Andar errante
Nunca andei,
não de verdade.
Nunca consegui
andar para trás.
Será um sinal
de que minha paz
fica logo em frente?
não de verdade.
Nunca consegui
andar para trás.
Será um sinal
de que minha paz
fica logo em frente?
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
A Mario Quintana
Meu poeta favorito
escrevia tão melhor que eu...
Fazia poeminho
até sem papel e tinta
e seus sons eram e são
os pássaros da manhã.
Meu verso é tão simplista,
talvez porque a vida
seja em si linda e complicada demais...
Mas tanto faz.
Eu também sei que a vida
sem poesia e amor é mais vazia
e que as ruas
também sentem medo.
Dois tolos
que escrevem uns versos,
conseguem umas rimas.
escrevia tão melhor que eu...
Fazia poeminho
até sem papel e tinta
e seus sons eram e são
os pássaros da manhã.
Meu verso é tão simplista,
talvez porque a vida
seja em si linda e complicada demais...
Mas tanto faz.
Eu também sei que a vida
sem poesia e amor é mais vazia
e que as ruas
também sentem medo.
Dois tolos
que escrevem uns versos,
conseguem umas rimas.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Vamos embora, pequena
Numa tarde de janeiro
ele me levou dali
porque ninguém mais entenderia
aquelas verdades.
Ele me levou dali
porque o vento quente
me secaria as lágrimas
e sopraria nossas palavras.
Ele me levou dali
porque os bancos de praça
são colos de mãe
para os poetas de boteco.
Ele me levou dali
porque o silêncio da rua barulhenta
é também o nosso
e acolhe a solidão dividida.
Ele me levou dali
porque eu me desculpava
por sempre me desculpar
e por chorar.
Ele me levou dali
porque nos entendemos bem
e ainda melhor quando
somos só os dois.
Ele me levou dali
e me deu coragem
de finalmente vê-lo
e enxergá-lo.
Ele me levou dali
porque eu já vivo presa demais
em mim mesma
e anseio por paz de espírito.
Ele me levou dali
e eu ouvi,
silenciei,
compreendi também.
Ele me levou dali
e por umas horas eu estive em casa;
espero ter voltado pro mundo cruel
alguém melhor.
ele me levou dali
porque ninguém mais entenderia
aquelas verdades.
Ele me levou dali
porque o vento quente
me secaria as lágrimas
e sopraria nossas palavras.
Ele me levou dali
porque os bancos de praça
são colos de mãe
para os poetas de boteco.
Ele me levou dali
porque o silêncio da rua barulhenta
é também o nosso
e acolhe a solidão dividida.
Ele me levou dali
porque eu me desculpava
por sempre me desculpar
e por chorar.
Ele me levou dali
porque nos entendemos bem
e ainda melhor quando
somos só os dois.
Ele me levou dali
e me deu coragem
de finalmente vê-lo
e enxergá-lo.
Ele me levou dali
porque eu já vivo presa demais
em mim mesma
e anseio por paz de espírito.
Ele me levou dali
e eu ouvi,
silenciei,
compreendi também.
Ele me levou dali
e por umas horas eu estive em casa;
espero ter voltado pro mundo cruel
alguém melhor.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Verborragia
Deixe-me falar
do amor,
da raiva,
do simples,
do complicado.
Deixe-me falar
do sujo,
do limpo,
do bonito,
do feio.
do amor,
da raiva,
do simples,
do complicado.
Deixe-me falar
do sujo,
do limpo,
do bonito,
do feio.
Deixe-me falar
do interessante,
do entediante,
em metáforas,
ou curto e grosso.
Deixe-me falar
do que deu certo
ou errado,
da dor,
da alegria.
A mesma boca
que sussurra poesia
também sabe gritar palavrão;
nem a alma mais bravia
escapa da podridão.
"A boca fala
do que o coração
está cheio..."
O meu
vive cheio
de tudo.
domingo, 4 de setembro de 2016
sábado, 3 de setembro de 2016
Tudo o que tenho
Eu te ofereço
o meu melhor
e o pior
para não esquecer
que o melhor existe.
É tão fácil
amar certas pessoas...
Que a minha frieza
não te congele.
o meu melhor
e o pior
para não esquecer
que o melhor existe.
É tão fácil
amar certas pessoas...
Que a minha frieza
não te congele.
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08/12/2024
O excesso de medo não nos faz mais sábios. Ele nos afasta daquilo que é para ser nosso e que, no fundo, sabemos que queremos
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Uma coisa que com o tempo percebi ser muito peculiar é a de que, no contexto em que vivo, existe muito contato físico. Como ainda preciso de...
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Não precisa se explicar, só não cala essa carícia no ar, queimadura doce de bala... Deixemos para depois os erros e acertos dos heróis...
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Olá, meu anjo. Que saudade… Um dia, quero perceber que o silêncio é o bastante para nós. Talvez já seja, não sei. Mas quanto isso, a gente...