Talvez a minha sensação de descrença no amor romântico para comigo tenha a ver com tudo o que eu não vivi quando era mais jovem. Não tanto com relação a não ser correspondida (isso é normal), mas com outras coisas envolvidas nesse contexto.
Claro que tudo acontece quando precisa e não posso, nem quero desistir de viver isso, mas não posso esquecer de que tenho como ser feliz sozinha. Talvez seja o conhecimento disso que me faz lidar melhor com tal situação, por mais que eu sinta a ausência, a descrença no aspecto romântico.
O fato de eu não ter vivido certas coisas quando geralmente é o caso, seja pela circunstância que for, me afeta sim, por mais que eu só guarde bem lá no fundo. Pode ter colaborado para que eu ainda não tenha amadurecido para certas coisas, incluindo os aspectos práticos da vida adulta.
Isso me faz ter medo de ser amada, me dá a sensação de que existo dentro de uma bolha que não me permite viver de verdade e alimenta minha passividade. Não me ajuda a me sentir normal. Mas por mais que no fundo seja assim, eu quero me bastar no fim das contas. Não quero pensar em estar com alguém por ser ou estar carente e suprir uma necessidade, um buraco. Não gosto de me sentir carente.
Dependência emocional assusta.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
quinta-feira, 9 de junho de 2016
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