terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Restos

 o que resta depois do encanto pelo homem
do amor
e da ferida dos versos
sou eu

resta o caminho que sempre fui
e a dor de ser caminho
e destino
pelas tuas mãos descrito -
pelos teus olhos visto
como que por detrás dos meus
mesmo na ausência da tua voz.

restam tuas pegadas
e eco de passos
na areia do meu tempo
vivido e sonhado
em dor, delírio, lágrima,
alegria, mágoa
sombra e luz.

o que resta das tuas boas noites
é tudo o que sempre é memória,
assim como
os teus destroços revirados
depois que o chão treme...

e eu.

o que resta
é a forma da minha mão
e o vagar do meu corpo
nas superfícies inalcançadas


mesa vazia depois de posta
a refeição
marcas que te ardem pele e alma
rei não coroado
por não suportar o peso do cetro
pés vacilantes de cada lado da fronteira
vaso precioso de marfim,
o item mais caro da tua prateleira

aí restamos eu e tu
e isso é o pouco de que ainda sei.
 
08/01/2024

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