Ouso dizer que a grande maldição
de certas coisas feitas na fronteira
seja ser também
outra fronteira.
Ser destino que pelas rotas comuns
se distingue por palavras alheias
e sinais que se escondem
entre as folhas,
nas brumas,
profecia certa que o tempo, ainda assim,
vai apagando.
Ser inteireza de cenas repetidas
que a cada ano parece
mais e mais distante
apesar de o tempo correr
no mesmo círculo hipnótico
dos troncos.
Ser fio forjado
de rigores e descampados
onde o sol e o vento são os mestres
de suas épocas,
sem oposição que os possa realmente vencer
e que se assemelha aos ipês,
cujo retorno a si
carrega em sussurros,
mais cedo ou mais tarde,
o anúncio
do calor que há na vida
e que faz vida e morte.
15/12/2023
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