Senti o que me destes,
mas não a ti.
Estive à tua mercê, mas não em teus braços
enquanto te afastavas, de certa forma,
pensando em consequências
às vezes tão maiores que as causas
deixando pelo caminho
apenas frações de quem és,
e se desfazem sem saber da minha ânsia.
Não foi o estares perto, mas tão perto
que teu amor e saudade
se fazem saber no teu calor, teu peso e respiração
e até no roçar da tua pele,
na pressão dos teus lábios.
Não foi por estares aqui
e me amares tanto
que por um momento
as mãos que me despem,
os braços que se moldam
e os beijos que cobrem terreno
se tornam o único idioma adequado
ou que se é capaz de entender.
Não foi por eu me sentir tão querida
nem pela satisfação serena
da passagem que se abre
para acolher o Eu mais inteiro e brutal
e, ainda assim, não ser o bastante.
Mas, sim, eu senti.
30/06/2023
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