Depois de morto
o morto ainda vive
do próprio nome em outro corpo
escrito em caligrafia que o tempo não comeu
da data que se lembra
e da que se quer esquecer
do tato que o olho reconhece
por sobre o inanimado
do brilho que pode a si ter voltado
ou envolvido outros dedos
do paladar doce, exigente
de quem dele só viu imagem
da surpresa da falta maior
do que a que o costume dita.
E o morto ainda viverá
até ser menos do que o que resta do seu fogo.
O morto apenas morrerá
na morte do que dele ficou.
16/04/2022
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