Será que a gente escreve para não ser esquecido? Como no meu poema, pra não morrer, se transcender? Como numa trilogia que eu gosto muito, guardar pedaços da nossa alma e de quem nos lê nas páginas, e que a cada volume queimado uma parte daquele autor morre junto?
Será que a arte tem necessariamente uma função, embora de quando em quando a adquira por causa das circunstâncias?
Eu costumava dizer e ainda digo que se a minha tem função, ela é catártica, sim… Mas hoje se eu for pensar, ela é o que é. É uma parte daquilo que eu sou, gigante, por sinal, por mais que eu não goste de colocar os outros em caixas etiquetadas.
Podemos fazer um poema para “cumprir uma função”. Mas o poema tem seus próprios caminhos e atinge suas próprias funções.
De resto, não há garantia nenhuma que um poema irá lhe eternizar, mesmo que ele mesmo se torne eterno. O papel o tempo e o fogo comem… E a gente se vai, se o mundo deixar. Se ninguém nos achar.
Mas a poesia em si, a arte em si, está acima de tudo. Aí que está… Enquanto nossa arte existir, viveremos, talvez.
O esquecimento e a lembrança… É lindo e atordoante. Por isso eu acho que todo artista - mesmo que não diga e não tenha essa intenção - carrega um romantismo em si. De que o mundo inteiro ou o vento o reconheçam pelo modo como ele vê as coisas. Acho que é um desejo que sua alma se estenda pela arte.
Letícia Bolzon Silva e Edison Botelho
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
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