Além de me sentir culpada por causa das coisas ruins que me acontecem, me sinto muito ansiosa e neurótica. Sinto uma coisinha e já penso em besteiras. Estou muito irritada.
Por conta da minha situação de filha única, nem que eu quisesse teria em quem botar a culpa sobre muita coisa. Questões como responsabilidade e outras que teoricamente os pais nos ensinam por conversas e exemplos, aprendi sozinha, só observando o que acontece com os outros. É como se meu código fosse “tudo tem uma consequência boa ou ruim; lide com ela e vire-se”.
É complicado quando põe em ti uma coisa que não é tua… mas pior ainda é se sentir culpado, porque nem tudo está sob meu controle. A vida que tenho me fez amadurecer muito cedo; ao mesmo tempo não sei lidar com muitas coisas por elas serem novas para mim. Por isso, ultimamente qualquer coisinha tem me deixado louca. Estou pirando por coisas que não me assustavam. Pelo menos, não ainda.
Ele tem razão quando diz que não posso me deixar dominar…
Mesmo que logicamente não se possa conversar muito com os pais, no fundo tive que aprender a me virar sozinha e guardar as coisas para mim, como eles o fazem, porque nenhum dos dois nunca foi de conversar e querer saber como eu me sentia de verdade. Por isso, se digo hoje alguma coisa do gênero para minha mãe, lá vem ela com um “para com isso, neurótica”.
Talvez eu esteja mesmo sendo neurótica, mas é muito difícil de controlar!
Se falo em sintomas físicos, que na maioria das vezes acabo exagerando, ela sempre ri da minha cara. Não me ajuda nada sendo assim; ela sabe que estou estressada.
Ou pelo menos, eu tento fazer ela saber.
Claro que muitos dos meus sintomas físicos, principalmente agora, tem origem no estresse. Como por exemplo queda de cabelo e unhas ruins. Talvez algumas de minhas dores físicas também, muitas devido à falta de exercícios. Algumas vêm de antes desta paranoia, voltando agora e estão me assustando além do necessário, me fazendo pensar que podem ser algo grave; como a dor no tornozelo que tenho a cada dois séculos que quando volta me faz perder a cabeça.
Sei que é tudo coisa da minha cabeça e talvez isso me console… Mas presto bastante atenção à dor, exagerando sua causa e consequência.
Como apalpar o pé do tornozelo que dói, com medo de que possa ficar frouxo e eu não consiga pisar. Ainda bem que tenho me esforçado para não fazer mais isso. Ele tem razão quando me diz que isso só aumenta o problema. Claro que eu devia ter falado com alguém sobre meu tornozelo, mas tenho isso só muito de vez em quando e há muito tempo sem motivo aparente, o que nunca me incomodou de verdade… até agora. Não deve ser nada grave, é só falta de atividade. Sou só eu enlouquecendo.
Tenho que me lembrar de averiguar meu corpo de modo geral (e neste caso nunca lembrei de fazê-lo por haverem coisas maiores na frente e nunca dei bola), mas POR QUE DIABOS ESTOU ENLOUQUECENDO POR QUALQUER COISINHA? Ele acha que posso estar desviando alguma questão maior para as menores, como estresse ou sofrimento. Talvez esteja certo.
Tenho vontade de chorar quase o tempo todo. Dessas que vem lá do fundo e a gente engole. A primeira vez que falei tudo isso com tanta franqueza foi pra ele, numa dessas muitas madrugadas insones. Estou basicamente transcrevendo. Na época eu já deveria estar na cama enquanto o fazia, mas como minha avó estava hospedada aqui em casa, a tensão andava bem grande e de qualquer forma eu me sentia meio desconfortável.
Naquele contexto, pelo menos na sala eu ficava sozinha e podia chorar com alguma privacidade…
Na época eu me mudaria para Santa Maria e isso pode ter me dado sensações de desconforto que sinto até hoje, mesmo sendo Porto Alegre. Quero poder conversar sobre tudo isso com um profissional o mais rápido que puder. Não quero ter uma depressão das brabas. Não sei como isso começou; sempre fui estressada, mas ultimamente tudo tem sido muito difícil.
Só não quero enlouquecer. Tem o fato de eu não conseguir acalmar o meu cérebro, com essa insônia, e me pegar pensando na morte, sendo que nada disso faz sentido ou é benéfico para mim. É como se eu estivesse dividida e uma parte quisesse detonar com tudo, exagerando as coisas e vendo o lado ruim; mesmo eu sendo em geral racionalmente positiva. Não consigo controlar ver isso em mim.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
domingo, 14 de agosto de 2016
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