O que antes parecia apenas apenas uma palavra de impacto e cujas dimensões eu podia apenas imaginar, um dia se tornou realidade para mim. O que de certa forma não me surpreendeu.
Por mais medo que eu tivesse de perceber que ela tinha chegado e de admitir isso a mim mesma, notei que a tal depressão podia ser invisível, mas tão sólida e pesada quanto uma parede de tijolos.
O mais peculiar é que o buraco negro no qual a depressão me meteu - ao mesmo tempo em que me engoliu e desesperou - ajudou-me a compreender partes de mim mesma de forma quase absoluta e aos poucos aprender a abraçá-las.
Foi vivendo a depressão que entendi que ela é uma mão delicada, sorrateira e morna que aos poucos esmaga o coração e o espírito de quem atinge com um aperto frio e forte o suficiente para que a tristeza se torne um simples e grande vazio que te tira do controle de si mesmo e alimenta seus hábitos mais destrutivos.
Um vazio que dói e tira a esperança.
Foi quando a depressão chegou na minha vida que eu compreendi o quanto é difícil e o quanto qualquer conselho de quem não viveu o mesmo parece não ter nenhum significado, por mais bem intencionado, a menos que aja ação concreta na ajuda. E que tal ajuda deve ser aceita.
Percebi que ela possui muitas faces e disfarces, até o momento em que revela quem realmente é. A depressão conta mentiras, usa nomes falsos e se aproveita das nossas fraquezas.
O que nos resta, por mais complicado que seja, é ter coragem de olhá-la nos olhos e vê-la pelo que é de verdade. Seu rosto varia, mas é igualmente feio em todas as visões. Não é bela, graciosa e bucólica como muitos pensam.
A depressão precisa ser enfrentada a todo momento, com todo recurso possível, para que não nos tire a esperança, alegria, amor-próprio e a paixão pelas coisas. Que não nos impeça de nos sentirmos vivos.
Letícia Bolzon Silva; graduada em Relações Internacionais pelo Centro Universitário UNINTER e Especialista em Tradução de Inglês pela Universidade Estácio de Sá. Escritora de prosa e poesia, redatora e tradutora freelancer.
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