O tempo passa
e ainda falho
não importa o que faça
em fechar o talho
e ficar em paz
com o que foi deixado para trás...
O que mais me dói
não é mais tua falta
mas sim o que o coração constrói
sobre terra que parece tão farta
mas ainda não passa de pintura
que se cristaliza quando retrata
a ternura
daquilo do qual tanto anseia a alma.
Tudo o que vive num passado
que nunca foi vivido
ao teu lado,
mas que existe
como aquelas borboletas
e os beijos roubados
atrás de portas secretas
e tantas, tantas palavras...
O peso morto do carinho
sem nada pedir em troca oferecido
e tomado
como bálsamo
e o do terror que chega de mansinho
e atravessa, cumprido,
o limiar de um Sésamo
abandonado...
Um tanto que ainda resiste
e para o qual não sei como olhar
mas que, quem sabe um dia,
que alegria
não seria
se mesmo com a dor do guardado
e da partida
ele não possa mais me machucar...
E em vez disso
renovado, cheio de viço
e mais sábio
possa retornar,
mais fervorosamente amar
e mais ainda realizar.
23/09/2025